terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

A busca da condenação...o anjo de pedra...

Nunca nada é como desejávamos que fosse...
Procurei-te...percorri caminhos estranhos...fui o mais longe que alguma vez tinha ido...e não te encontrei...fui ao fundo de cada momento...e não estavas em nenhum deles...entranhei-me nas sombras...atravessei a luz...e não estavas lá....voltei...esperei...tentei de novo...estive onde estavas e não te vi....e depois não sei se foi o vento ou a chuva...ou a bruma que caiu sobre mim...e deixei de ver o mundo...e depois só te via a ti...e era uma visão imensamente dolorosa...que quis fugir...proteger-me da dor...mas ela havia penetrado em mim...e depois já não tinha ar...fechei a porta desta ilusão que me matava....e voei...tão alto que me perdi...as minhas asas partiram-se e senti-me a cair...suavemente...sem pressa...e cai bem fundo...no escuro...onde se ve as sombras...e onde tudo é silencioso e frio...cai para dentro da minha própria ilusão...cai dentro do meu maior desejo sonhado...depois ouvi gritos que vinham não sei se de mim ou da noite...e quis que o tempo morresse...que eu morresse...porque estava a sufocar...a minha alma sangrava...e toda a minha existência estava mergulhada num vazio permanente...e depois fui...deixei de me ver....morri de mim mesma...e quis renascer de pedra...ser uma anjo solitário que por mais tempo que passe ...não sente nada...apenas observa os dias a mudarem e nada mais é importante...que por mais chuva que caia sobre ele, por mais violento o tempo seja para ele...jamais chorará...jamais sofrerá...e ainda eu... depois...um anjo de pedra...com as asas de volta mas que não voavam...um anjo solitário perdido no jardim das trevas...ainda assim...sem coração...eu estava condenada ao desespero...e por mais que não sentisse nada...sabia que continuavas ali...eternamente a fitar-me...a almadiçoar a minha alma de pedra...

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