quarta-feira, 19 de março de 2008

Mundo Permeável...

Criei um mundo para mim…mas era um mundo permeável…e a chuva e o vento vieram e destruíram-no…destruíram-no sem que tenha havido um momento em que ele resistisse…cedeu logo ali ás primeiras intempéries sem reagir…
É inútil lutar por algo que não luta por si só…
Naquele dia ao cair da tarde percorri aquela rua que ia dar ao sítio mais longínquo do meu imaginário…
Janelas e portas fechadas á minha passagem…e não encontrei a consistência da minha presença…
Vou de novo fazer com que o relógio pare nas 6 horas da tarde e esquecer que o tempo vai continuar de passar…

quarta-feira, 12 de março de 2008

O que eu era…uma ilusão…o que eu sou agora…uma criação…
Não somos sempre a mesma pessoa….a maior parte daquilo que somos é uma criação que dia após dia deixamos sair das nossas mãos…

terça-feira, 11 de março de 2008


É fácil para ti dizeres o que dizes aí a essa distância…e é mais fácil para mim ficar aqui apenas a ouvir-te ao longe sem dizer uma única palavra…
Eu sei que tu preferias que te acusasse…que te culpasse por tudo…mas é mais seguro para mim ficar aqui sem nenhuma reacção…
Eu não posso compreender-te…não sei talvez entender que por de trás da tua existência está algo mais…sinto-me cega na tua presença…
Eu quero que me abandones…que me desprezes…porque eu também te abandonei…e também te desprezei…na vida nada fica sem resposta…
Não preciso que inventes uma historia qualquer sobre um final feliz onde tudo se resolve…não preciso que te esforces para ocultar as palavras dolorosas…
Tu não me compreendes e eu não te compreendo…e a nossa vivência é vazia e infeliz…
Torturas-me por te ter deixado partir…sem nada dizer…e agora aí a essa distância consegues acreditar que as coisas podiam ter sido diferentes…
E eu agora aqui….bem longe de tudo…não quero voltar atrás…
Eu não sei onde estás agora…talvez não tenha coragem de te procurar com medo de te encontrar…
Tu não sabes onde eu estou agora…deixei escrito no vento daquele dia de verão o meu destino…mas não mais esse vento ousou vaguear perto de ti…
Não sabemos onde estamos…um dia ia a passar por uma rua qualquer sem nome ou memória e pareceu-me ouvir as nossas vozes…pareceu-me ver-nos até…sombras insistentes num cair da tarde monótono… depois pareceu-me ver-nos dissipar num sofro de inexistência…e se um dia voltares a esse sitio e, assim de mansinho conseguires vislumbrar-nos…assim distantes…quero que libertes essa imagem de ti e a deixes desvanecer-se no ar cru da realidade…