domingo, 31 de maio de 2009

Aqui

Aqui, onde agora permaneço imóvel a olhar o infinito distante…
Já fui muitas pessoas…
Já vi o amanhecer…
A sorrir…
A odiar-me
Arrependida…
Dormente…
Já chorei…
Já me isolei…
Saí imensas vezes depois…
Algumas vezes sem rumo….
Outras a saber exactamente onde queria ir…e acabando por ir a outros sítios…
Aqui…
Fechei a porta muitas vezes…
(talvez vezes demais…)
Aqui…
Onde agora apenas permanece o eco moroso de dias passados…
Já desejei não ser…e era…
E desejei que fosse…e nunca foi…
Aqui…
Tive medo do escuro…
Da multidão…
Do vazio…
do silêncio…
Por aqui…
Passaram as Estações…e eu com elas fui…e voltei…
Voltei sempre…
Aqui…
Os dias e as noites…
A luz e a escuridão…
O frio e o calor…
A chuva e o vento…
Aqui…
O regresso…
O refúgio…
Aqui…
A inocência e a maturidade…
A expectativa e a desilusão…
O auge e o declínio…
Aqui…
Nem sei se tudo o que recordo aconteceu realmente…
ou se criei em mim ilusões de momentos…
Aqui…
Caí…e levantei-me…
Aqui…
Um pedaço de vida…
Aqui…
Fui o bem e o mal…
E passei, sem hesitar, para o outro lado…
Aqui ….
Onde agora o vácuo das paredes entoa fragmentos
De horas adormecidas….fui imensas pessoas…
E todas elas estão agora espalhadas em cada canto deste espaço inerte…

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Não importa o que quer que eu faça…acaba sempre em tragédia…

terça-feira, 26 de maio de 2009

Lucidez...


Estou lúcida…

Hoje estou completamente lúcida…

E o facto de estar tão absurdamente lúcida deixa-me desconfortável…

Vejo todas as coisas…e percebo todas as coisas...

O que é…é…e não parece outra coisa qualquer…

Os objectos permanecem estáticos nos seus lugares de sempre…

Não há aquela musiquinha silenciosa a vibrar nos meus ouvidos…

Estou lúcida…límpida…
Estou dentro de mim…não há nada mais para além desta realidade…horas…e mais horas…

Sucessão de tempo…

Lucidez…

Sobriedade alucinante…

Vazio…

Espaço entre as coisas…e espaço ocupado…

Elipse…

Caminho pela rua e parece que toda a gente grita o teu nome em surdina…

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Eu sei …
Hoje eu sei…eu vou conseguir…

terça-feira, 5 de maio de 2009

Auto - Indulgência Cega

Amnésia…é tudo o que preciso agora…
Nada mais… neste jeito demorado de viver as emoções frias no calor de uma tarde como esta…ou como outra qualquer…
A minha pele gela…
Pela janela da minha consciência observo a realidade que nada me diz…
Eu sei…a culpa é minha…a minha loucura é premeditada … indulgente…
Não altera nada…na verdade, o que muda é o meu arrasto para o fundo…
Nada sei…sabendo tudo…não tenho rumo…sabendo bem o rumo que quero tomar…nada faço…sabendo o que deveria fazer…nada digo…sabendo o que deveria dizer…
Se a culpa é minha…e é, de facto…então acho que mereço isto…

segunda-feira, 4 de maio de 2009

“Can’t you see I’m selling lies?”

Ruídos confusos… música ... Silêncio...piadas más…
Felicidade... Mentiras... medos... Cigarros e vinho barato… Loucura ... Promessas de mau sexo… Toma outro comprimido e vai dormir... Amanhã já vai estar tudo bem ... Preguiça... Sonhos ... Pesadelos ... Solidão ... Se me vires na rua, por favor, não fales comigo... Noites absurdas... Pessoas aleatórias... Amor ... ódio ... apatia… Põe um novo vestido e vai! Tu não precisas de mim e eu não preciso de ti... A vida é um lugar estranho... Jogos ...
Sabores casuais ... Relações casuais ... Insanidade casual ... Luzes ... escuridão ... Esperança ... a ir e vir ... Conversas sem sentido ... Lutas inúteis ... Sucessos ... fracassos ... Labirintos complicados ... Estou perdida e tu não podes encontrar-me... Pecados… erros... Conquistas …vitórias…Mesas ocupadas... Portas abertas… Pegadas no chão... É de manhã outra vez e sinto-me miserável ... Onde estive eu? O que é que eu disse? O que é que tu disseste? O que é que eu fiz? Tento comprar algum entorpecimento... Há sentimentos que o dinheiro não pode comprar ... É tarde e estou a bater á porta errada novamente. Como é a realidade? Os meus olhos não a conseguem ver... Estou deitada na relva e o meu corpo dói... Acho que exagerei outra vez... Olha-me nos olhos e mostra-me toda a crueldade da tua indiferença!
Caminho no meio da multidão implorando por alguma resposta. A minha cabeça está demasiado pesada para pensar. Por favor, dá-me outra bebida! Os meus dedos estão frios... a minhas pernas tremem. Esta é a última vez... Prometo! Amanhã vou ser pura! Vazio... Melancolia… Preciso de uma canção triste para me fazer chorar! Ouço-te a falar mesmo ao meu lado mas não consigo entender uma palavra do que dizes…acho que preciso de descansar. Acordei de novo, num lugar desconhecido... e é apenas o meu quarto...
O meu espelho mostra uma expressão desinteressada... Que horas são? Acho que tenho andado a saltar dias ... Garrafas vazias deixadas na mesa ... Roupas espalhadas aleatoriamente no chão ... Quero esquecer tudo ... Não preciso da tua pena ... A luz do dia magoa-me. Outra noite inútil ... estou mais perto do paraíso ... Deixa-me aqui ... Não vou dizer nada ... A minha mente está vazia ... estou oca ... A realidade está muito longe ... Estou a abandonar-me... Não me interpretes mal ... eu não sou uma boa pessoa ... Não preciso da tua atenção ...Sou uma desordem ... sou feia… Sou um enigma ... e adoro fingir ... O que estás a dizer-me esta noite... eu não me vou lembrar amanhã... Eu não gosto de ti e tu não gostas de mim... é muito simples!Não digas que eu sou a melhor coisa que já viste na estúpida da tua vida! Estás a pôr-me doente! Onde estou? Que lugar é este? Estou sozinha e não reconheço todas estas caras á minha volta. O que estou a fazer? Acho que estou a perder o controlo... De repente, tudo é apenas uma mancha... Mais uma manhã caótica... Estou a acordar... Por favor, não me digas o que aconteceu... Não preciso de saber o final da história...