quarta-feira, 11 de junho de 2008

As frases que escrevo estão a ficar extremamente vazias…baças…sem sentimento…sem significado…
As frases que escrevo agora…para nada servem…assumem-se como inúteis e assim permanecem…sem sequer se importarem…e eu, perante elas, sou impotente, nada posso…
Aquela música no fundo da rua transportou-me de repente para um lugar conhecido que eu há muito abandonara…e eu percorri o tempo…revoltei os dias…parei naquele instante exacto… no minuto que já passara…por entre as luzes do passado eu me confrontei com tudo o que eu fizera…
Gosto de pensar, que, a partir de um certo momento as coisas estão fora do meu controlo…eu posso até conduzi-las até uma determinada altura…mas depois elas soltam-se desenfreadas das minhas mãos…era nisso em que pensava naquele dia ao descer aquela rua e ao ouvir aquela música…
As coisas por si só são apenas coisas…mas a memória transfigura tudo...foi isso que me fez parar e ouvir aquela música com mais atenção…a música remexia nas minhas memórias…estava ligada a mim de algum jeito…
Depois comecei a pensar que eu vivia demasiado de memórias…e afastei-me á pressa dali…
Quem se alimenta demasiado do passado – como eu – perde imensas coisas do presente…apercebi-me quando verifiquei que as minhas memórias recentes eram apenas memórias de estar a relembrar alguma coisa…ou seja, memórias de memórias…percebi que estava a entrar num ciclo vicioso…




Quando não se consegue escrever mais nada...fica apenas isto...um esboço do que poderia ter sido...mas evidentemente nunca será...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Desencontro


Passaste por mim a correr numa manha de Outono em que as folhas das árvores cobriam as ruas…vi-te a passar e duvidei logo a seguir que te vira realmente naquele instante…
Posso ter imaginado aquele momento…seria natural que assim tivesse sido…
Ao passar de novo, numa tarde qualquer, por aquelas ruas tão cheias de tudo e vazias para mim…jurei que me esperavas numa esquina escondida perto daquele jardim onde costumávamos ir…e vi-te…mas a seguir dissipaste-te no vento daquele entardecer…
Um dia decidi esperar-te…sentei-me naquele velho banco de madeira…e esperei-te…esperei-te sem fim…horas e horas…até que a manhã se tornasse tarde…e a tarde morresse na noite…e ao esperar-te soube desde o início que não virias…
Mas esperei-te como quem espera que algo aconteça mesmo sem saber bem o quê…
Esperar-te com a certeza de que não aparecerias era uma forma de me enganar com uma mentira na qual eu no fundo não me iludia demasiado…
Quando a noite caiu levemente nas copas das árvores…fui embora sem olhar para trás…
Imaginei naquele momento, que ao ir embora tu chegarias…que te sentarias no mesmo banco…e ficarias ali…horas e horas a olhar em redor…á espera…
Ficarias ali...a esquecer o tempo...e a noite tornar-se-ia em manhã…e a manhã daria lugar á tarde…e ao anoitecer partirias com o cansaço de uma espera sem resposta…
Partirias … para que quando eu voltasse já não estivesses lá…