sexta-feira, 31 de julho de 2009

É sempre tarde. momentâneo e desconsertado.este dia.estas horas.a luz.o ar que respiro.

é o fim, eu sei. vira-se as costas e nada mais há a afirmar ou interrogar.

O que fizeram de ti?

Será que ainda sabes o caminho para casa?

Será que um dia as coisas voltarão a ser como antes?

sem medos. sem perguntas.

Imensas perguntas pairam na tua cabeça, enquanto apertas na tua mão o pequeno pedaço de papel que te irá levar para longe. o teu bilhete para o "seja o que for".

Talvez um dia voltes, e ao voltares tentes viver tudo de novo e ver a beleza onde nunca conseguiste ver antes. e nunca mais voltes a partir.

Ou talvez nunca mais voltes. E deixes que tudo perca a tua memória, e que deixes simplesmente de existir neste lugar.


quinta-feira, 30 de julho de 2009

  • Ultimamente coloquei-me em piloto automático e não comando o que digo nem o que faço.
    Estou algures a observar-me...e tudo o que vejo é uma junção completamente inútil de actos patéticos
    .

Dissonância

Queria ser mais forte. Talvez mais cega. Talvez mais inteligente. Queria ser bela. Bela aos teus olhos. Queria que me fizesses odiar-te. Queria matar-te da minha pele. Estou só. A solidão é fácil de enfrentar. Vagueio solitariamente pelas ruas. As estrelas caem sobre os tectos dos prédios da cidade. Por toda a parte há um rumor desalinhado em torno de mim. As fibras sonoras da civilização circundante ressoam numa dissonância trémula. Para onde foi o meu mundo? Para onde foram os meus muros? As minhas paredes. As minhas portas. As minhas armaduras. Estou permeável, aqui, perdida no meio deste labiríntico caos de ruas desconexas. Procuro-te. Procuro-te? O teu sangue.
È apenas o teu sangue. No chão nu. O teu sangue. Frio. E eu permaneço aqui. Calada. Quero enterrar-te. Eu enterrei-te!
Queria ser mais forte. Uma tempestade. E devastar-te. Varrer-te daqui…de todos os lugares onde permaneces. Queria ser mais cega. Nada ver. Nada sentir. Ser um corpo emerso á superfície de um qualquer rio e mover-me apenas ao sabor da corrente. Queria ser mais inteligente. E saber exactamente o caminho que tenho que seguir para desprender-te de mim.

terça-feira, 28 de julho de 2009

O que somos nós?

É uma multidão.
É um caos.
A realidade.
Os dias.
São horas.
Parcelas ilusórias do tempo.
O que é o tempo?
O que somos nós?
Túmulos. Frios. A céu aberto. Com lápides repletas de inscrições vazias.
Fragmentos de músicas tristes.
Restos. Restos de momentos varridos na enxurrada do tempo.
Tempo. Sempre o tempo.
O herói e o vilão nas nossas vidas.
Tentamo-lo agarrar e ele escapa-se das nossas mãos sem nunca o termos tocado.
O que somos nós?
Candeeiros estáticos na rua. Com lâmpadas incandescentes e dissolutas.
Carcaças em movimento sem sintonia num caminho abstracto.
Viajantes desconhecidos no tempo.
O tempo. Molda-nos. Moldamo-lo. Destrói-nos. Destruímo-lo.
O que somos nós?
Tumultos de epiderme espalhados aleatoriamente pelo espaço.
Vozes exasperadas num vácuo profundo.
Gotas de chuva secas pelo tempo.
O tempo. Corre. Cessa. Mata-nos. Matamo-lo.
O que somos nós?
Cadáveres amontoados num cenário pós-guerra.
Desarmados. Sem vida. Sem…tempo…

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Quero que saibas que parti.
Não me procures mais, não me vais encontrar. É inútil.
Não adianta fazeres o que quer que seja para mudar as coisas.
Nada.
Não há mais nada aqui.
Apenas o vazio me cerca. Te cerca.
Quero que saibas que nem tentei. Nem por um momento tentei. Fui cobarde e virei as costas á realidade.
Já nada me importa.
A brisa da manhã não é mais doce e o sol não nasce mais no horizonte.
As portas fecharam-se. Nenhum ruído trespassa este muro.