segunda-feira, 7 de julho de 2008

As palavras que não te disse e as coisas que não fiz estão guardadas na grande caixa fechada no tempo que jamais ousarei abrir...
Um dia talvez voltes...
Um dia talvez eu vá com a noite...
Um dia talvez te encontre onde nunca te perdi...
Um dia talvez não haja mais perguntas, nem respostas...
Um dia talvez eu te saiba...e tu me saibas...
Um dia talvez eu te deixe ir sem remorso...
Um dia talvez feche a porta sem olhar para trás...
Um dia talvez eu consiga agarrar as coisas que agora teimam em me escorrer das mãos como água...
Um dia, lá bem no fundo dos dias desertos, talvez o caminho se abra, os muros se quebrem e o espelho permaneça intacto...
As palavras que eu não te disse...carrego-as comigo...vão onde eu for e nunca me abandoman, até ao dia em que eu as liberte de mim e as pronuncie bem alto sem hesitar...
As palavras que não te disse, nunca foram na verdade palavras, não têm forma nem som...são apenas pensamentos súbitos sem consolação...
Os dias sucedem-se ao ritmo do relógio que ao fundo da sala teima em mostrar referências vãs de um tempo nulo...
Tudo permanece em silêncio...
Nem uma voz...nem um suspiro...
Eu caminho alheia pela casa...
Nada me prende...e tudo me agarra...
Nada me prende...nem as molduras com sorrisos distantes...nem os livros abertos em páginas aleatórias...nem os movimentos que se sucedem nos ponteiros do relógio...
Nada me prende...nem as memórias embebidas no pó dos móveis...nem os ecos que assombram o branco das paredes...
Se eu saisse agora não olharia para trás...mas toda a minha alma ficaria para sempre neste lugar...
Lá fora, uma leve brisa agita de mansinho as folhas das árvores, como se de repente elas dançassem ao som de um ritmo surdo e desenfreado..
E eu permaneço agora estática...inerte no vazio...
Imagino os dias...e as noites...
Á minha frente surgem imagens incandescentes de sonhos desfragmentados nos dias...
Se ao menos eu adormecesse...
Se ao menos, depois de dormir, eu acordasse então...
E os dias sucedem-se sem pedir permissão...
O dia de ontem já o perdi, o de hoje escapa-se abruptamente de mim...e o de amanhã não me pertence ainda...
Os dias não são meus...assim como não é meu o silêncio deste lugar...
Vagueio novamente pela casa...nada me pertence nesta solidão imaculada...
Nada me prende...e, no entanto, tudo me agarra...

terça-feira, 1 de julho de 2008

A maioria das pessoas nem se apercebe o quão surtuda é....caminha por aí à procura de coisas que já tem mas que não consegue ver...
Não sei se é o caminho que é longo demais, ou se fui eu que decidi parar…