quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

“As the blade moves closer…The reflection is brighter than the sun”

Está escuro…demasiado escuro para se ver…demasiado escuro para caminhar pelo vazio desta noite…

Está escuro.

E deixas que a escuridão te abrace…e vês…vês tudo…apesar de estar demasiado escuro para se ver…

E caminhas…apesar de estar demasiado escuro para caminhar.

Tens uma doença…e essa doença está a matar-te…

Na noite…na noite bem profunda…quando não há nenhuma testemunha por perto…o sangue rodeia-te…o sangue…o sangue que está demasiado frio…

O teu corpo está… frágil…caótico…

Estás a sofrer.

E está demasiado escuro para se ver…mas, no entanto, vês…a escuridão que protege a tua culpa…a tua doença…o teu insalubre vício…

Estás a reviver noites…

Uma após outra…colidem todas na mesma.

Caminhas…caminhas…caminhas…e acabas sempre no mesmo sítio…á mesma hora…no mesmo momento…

Há portas que nunca se deviam abrir…

Mas abres a mesma porta…uma e outra vez…e tudo de repente se sucede…a fita passa para trás e o filme tem sempre o mesmo fim…

Quando vais perceber que o fim culmina sempre da mesma forma?
Há memórias que as chamas não podem consumir…por muito espaço físico que elas devorem.

Os teus olhos estão em chaga…mas vês…

E caminhas…caminhas…apesar de estar demasiado escuro para se caminhar.

A luz é um espaço doloroso para as memórias.
É um espaço doloroso para ti.

O fim justifica os teus meios?
Já sabes o fim…ele repete-se continuamente na tua frente.
É o teu sonho inquieto.
Rasga essa inquietude de ti…rasga a tua pele…rasga a tua carne…rasga toda a tua consciência!

Deixa-te cair nesta penumbra infestante da noite.



És uma anomalia…






…estás a ter alucinações!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

E mais uma vez…lá estava eu a olhar para tudo de novo…e de repente foi como se o tempo não tivesse passado…e lá estavas tu…mais uma vez…

É estranho quando tempo não parece transformar as coisas…percorremos distâncias incríveis para nos apercebermos de que tudo está exactamente imutável…até mesmo nós…quando momento após momento somos agredidos com banhos de passado sem que tenhamos quase tempo para respirar…


E no meio das caras aleatórias das pessoas …vi-te…


E estavas onde parece sempre que tinhas estado…


E eu passei…sem ficar…porque ficar, agora, seria inútil…

sábado, 19 de dezembro de 2009

O fim da esperança...

Para onde vamos quando perdemos a esperança?

Será que há um lugar onde podemos repousar até nos recompormos?

É recorrente pensarmos que quando tudo parece correr mal em toda a parte á nossa volta…quando esgotamos todas as possibilidades onde estamos…podemos sempre voltar para casa…
Parece fácil ver as coisas desta forma…
Mas o que fazemos quando o conceito de casa começa a ficar complicado de definir…quando já não sabemos exactamente onde é a nossa “casa”…quando a nossa casa…aquela que está sempre lá à nossa espera depois do cansaço dos passos vãos…a nossa casa de sempre já não pode ser a nossa “casa”…porque nós já não somos os mesmos…porque o afastamento tem consequências irreversíveis em nós…


O conforto e a serenidade de antes já não nos são suficientes…o abrigo já não é o lugar onde queremos estar…já não é o que precisamos…


O que fazemos quando perdemos a esperança?
Quando os dias são simplesmente um aglomerado de momentos caóticos...
Quando vemos que falhámos nas pessoas que somos…e nas coisas que fazemos…
Quando estamos tão perdidos que não fazemos ideia do passo a dar no momento seguinte…
Quando nos questionamos constantemente o que estamos a fazer de mal…e chegamos à triste conclusão de que muito provavelmente andamos a fazer tudo mal…


Para onde vamos quando perdemos a esperança?


Fugimos para bem longe?
Mas para onde fugimos?


E  é nestas alturas que nos questionamos…Como foi que chegámos a esta situação?
O que nos acontece para ficarmos assim?
Não tem que acontecer nada em concreto…diria (como li algures) que é a vida…foi a vida que nos aconteceu…











quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A batalha dos egos

Eu devia ser mais atenta…à vida… e a essas coisas todas…
A minha avó sempre me disse “É preciso ter olho vivo!”…e ela tem razão…é mesmo…




É um facto que eu não tenho tomado muita atenção ao mundo a meu redor…entrei um estado de tal forma egocêntrico…que me tornei naquelas pessoas que eu sempre criticava que viviam em torno de si mesmas…e que parecia que achavam que o mundo girava á sua volta…
E eu transformei-me mesmo numa dessas pessoas…essas que vivem com a ilusão de que são o centro do Universo…
Algumas pessoas nascem assim…com sintomas egocêntricos por natureza, outros, porém, a vida conduze-los a essa situação…
Talvez seja do cansaço…da saturação do mundo em redor…da preguiça…ou incompetência para lidarmos com os outros e/ou de nos dedicarmos aos outros…ou porque simplesmente um dia nos apercebemos que não temos que nos colocar sempre em segundo plano na vida em relação aos outros…que a vida não é só dos outros…que somos realmente o centro do universo…somos o centro do nosso próprio universo…assim como todas as outras as pessoas…
Será assim tão errado vivermos maioritariamente em função de nós próprios?
Não considero que seja assim tão errado…mas pode trazer consequências nas nossas relações com os outros…
Quando os egos estão todos elevados…começa a ocorrer uma espécie de batalha de egos…e todos os egos (como bons egos que devem ser) querem estar no topo, não se importando com os restantes…e é nesta altura, quase sem nos apercebermos, que as relações interpessoais se tornam numa espécie de disputa de absorção de energia…qualquer possibilidade de sentimentos e/ou acções altruístas é completamente descurada…






Bem mas não era disto que eu queria falar…eu queria dizer apenas que sou desatenta…e pronto… e suponho que não o deveria ser tanto…mas…enfim…eu suponho sempre tanta coisa…

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A artificialidade do “eu”

Sabes, eu não sou mais a pessoa que conhecias.

Se me pudesses ver agora talvez nem soubesses mais quem sou.
Sem me encontrasses na rua provavelmente passarias por mim sem me notar.
A vida transfigura-nos imenso…eu sempre o soube…e, no entanto sempre assumi uma atitude pacífica em relação a isso.
Não sou mais a pessoa que tu acreditavas que eu era. Que querias acreditar que eu era.
Não sou mais a pessoa que eu acreditava que era. Que queria acreditar que era.
Sinto-me uma estranha em mim…na minha pele…
Desconheço o mundo pela minha perspectiva.
Discordo de mim própria em imensas coisas.
Contradigo-me …vezes sem conta…tentando encontrar alguma forma de autocontrolo no meio de todo o caos…
Sabes, às vezes vemos pessoas e lugares que não estão lá…vivemos dia-a-dia condenados a esta realidade esquizofrénica.
Suponho agora que tinhas razão…um dia ia acabar por me desencantar com a vida… ou a vida iria acabar por se desencantar comigo. Aconteceram as duas situações quase em simultâneo.
Se existe realmente um dia em que…pronto…assumimos a derrota…hoje é esse dia para mim…
Do que é que eu estava á espera afinal?! Já o podia ter feito há imenso tempo…podia e devia…
Mas parece que nunca queremos assumir a derrota sem ter nunca na verdade lutado…mas…sim…não lutar é essa, claramente, a derrota…
Quero que saibas que admito que a culpa é minha. Aceito isso sem apreensão alguma.
E sou tão culpada até na forma de viver tudo isto…amanhã talvez acorde e nada mais disto tenha sentido…percebes? Amanhã de repente posso voltar a encantar-me com a vida…e assim permaneço… numa constante sucessão alternada de amnésia momentânea…
Eu devia manter um padrão…não devia?
Eu devia ser regular…assumir a derrota e pronto…encerrar tudo…fechar as portas para quaisquer outros momentos…eu devia…rejeitar, de uma vez, a realidade…a esperança…devia me cansar de renovar o equilíbrio…as forças…a harmonia…
Depois espera-se um novo ciclo de total frustração…
Eu devia, de uma vez por todas…escolher um lado…ser uma coisa e não outra…
Esta dicotomia do meu “eu”…esta artificialidade da minha existência...deixa-me sem saber quem sou eu…se sou…ou se já não sou mais…mas provavelmente já não sou…

sábado, 5 de dezembro de 2009

A realidade desabou sobre mim num sobressalto e eu nem me apercebi…

Estou numa corrida contra o tempo, e, no entanto, permaneço estática…

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A posse

Dizem que “as coisas que possuímos acabam possuindo-nos”…sem dúvida que é verdade…mas as coisas que não possuímos, conseguem nos possuir de uma forma mais intensa.

As coisas que possuímos, conseguem dominar-nos imenso…tornando-nos escravos delas…nada a fazer…mas, no entanto, as coisas que já temos acabam por se tornar banais ao fim de algum tempo, e depois deixam de nos interessar tanto e, eventualmente, acabam por perder o significado total para nós.
Mas as coisas que não possuímos…e que desejávamos imenso possuir…e são difíceis ou até impossíveis de conseguir…essas sim…apoderam-se imenso de toda a nossa existência…entranham-se no nosso olhar…penetram no mais profundo do nosso cérebro…perfuram a nossa pele…fazem estragos na nossa realidade.
Primeiro surgem apenas num pensamento mais regular que todos os outros…depois começam a ocorrer constantemente na nossa cabeça…sempre ali a chamar a atenção…enquanto tentamos ignorar os seus estímulos…depois tornam-se vírus…tumores…obsessões…
Há uma fase em que conseguimos viver com isso…conseguimos estabelecer uma relação racional com essas obsessões…um dia apercebemos que se torna difícil controlar as situações…como se estivéssemos possessos por uma força sobrenatural…
O resto é dispensável …nada mais importa…a nossa vida pode estar perfeita…que não nos interessa…porque nos falta algo…falta sempre algo…mesmo que seja algo que efectivamente não traria nenhuma melhoria na nossa vivência…mas que mesmo assim nós acreditamos que, tendo aquilo, seríamos imensamente felizes.
Possivelmente, conseguimos atingir algumas das nossas obsessões…que depois prosseguem o seu ciclo na nossa vida, e acabam por nada ser no final…
Mas há sempre as coisas que nunca conseguiremos ter…seja porque eram demasiado absurdas para as atingirmos, seja porque não tentámos o suficiente obtê-las, ou porque…enfim…não tinha que ser…”não se pode ter tudo”…e essas irão possuir-nos para sempre…caminhando ao nosso lado dia após dia…e, ironicamente, serão, de certa forma, sempre nossas…precisamente pelo facto de nunca as termos possuído…

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

"I fake it so real I am beyond fake..."

You’re a wreck. A mistake.

You’re a fake. A player.
Are you about to win?
How often do you do this?
How phony are you?
Nobody knows you. You don’t make a big impression. You’re not that quite enthusiastic. You’re just another girl alone at the bar.
Everyday you wake up pretending you’re someone else...walking around with your fancy Munchausen syndrome.I think you just got bored of your life.

You’re so egotistical. Locked inside your little world, worshipping your own image, swaging your skeleton side to side as if you’re something special.
Have you ever notice how pretentious you are?
You spend hours idolizing your reflection on the mirror, as if it’s some sort of a painting…a work of art…
Are you afraid of facing the fact that you’re just another ordinary person in the middle of the crowd?
You’re not the main character of this low budget movie.
Your big show is a failure. Nobody is clapping for you on the audience.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Combustão

O crepitar insólito das labaredas a absorver a madeira dos móveis.
Indiferença. Perante a destruição.
Não creio que me deveria importar
.
Odeio o sabor da realidade.
O seu frígido e insensível toque na minha pele.

No entanto, faça o que fizer, estou irreversivelmente condenada e ela…

domingo, 29 de novembro de 2009

Rosas vermelhas

E chovia…chovia imenso naquele dia…e foi com se nunca tivesse chovido antes…

sábado, 28 de novembro de 2009

A escolha

É uma escolha que fazes.
Um dia simplesmente viras as costas e vais embora.
É uma escolha que fazes.
Nada mais.
E o processo repete-se inúmeras vezes.
A vida é feita de partidas, como se apenas as partidas (interiores ou exteriores) conduzissem a começos e recomeços.
É uma escolha que fazes. Certo ou errado…não sabes bem…e jamais poderás saber…
Cedo ou tarde…é sempre subjectivo…
É uma escolha. Um dia o teu corpo e o teu espírito cansam-se. Esgotam-se. Despejam-se de tudo o que os agarrava a um momento. A algo. A um lugar. A um sentimento. E tu tens que recarregá-los. Longe ou perto. Não sabes. Não importa. Mas sabes que tem que ser “noutro lugar”, sendo que não é necessário que seja um lugar físico, real…pode ser apenas uma mudança dentro de ti. Às vezes as maiores mudanças da vida ocorrem sem que tenhas que dar um único passo. Não tens que mudar de casa, mudar de cidade, de país, de nome…não tens que fazer uma mudança de visual extravagante… nem tens inventar uma felicidade absurda. Nem necessitas de te afogar em frases feitas retiradas de livros de auto-ajuda, nem tens que te convencer que “daqui para a frente tudo vai ser melhor”…porque foi isso que te causou a infelicidade em primeiro lugar…a expectativa.
Tens apenas que aceitar que há um tempo para tudo, que a vida não é rectilínea…que não tens que permanecer imutável durante o tempo todo…que te é dado o poder de mudares tudo, a qualquer hora, em qualquer circunstância…e que deves usar esse poder…
Tens apenas que pensar que é a vida…que as coisas são assim…não é como nos filmes…em que todas as situações, por mais absurdas e impossíveis que possam parecer, acabam sempre por ter uma resolução…um “final”…não tens que esperar essa resolução na tua vida…ás vezes, simplesmente não há resolução alguma…ou então essa inexistência aparente de uma resolução, é, por si só, já a resolução…
Tens que compreender que momentos vão e vêem…e saber que tens que perder algumas coisas, para que possas conseguir recolher coisas novas…como se a vida te tivesse dado uma grande mala de viagem…onde vais acumulando coisas ao longo da caminhada…mas que a uma determinada altura vai ficando cheia demais…e tens que te livrar de algumas coisa… caso contrário terás que carregar para o resto dos dias o peso das coisas que já não te servem para nada.

É uma escolha que fazes.
Um dia simplesmente, viras as costas e vais embora.
É fácil. Indolor. E nem precisas de mudar nada se assim o quiseres.


sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A resposta

E se conseguisses ter aquilo que sempre mais desejaste?
E se o perdesses logo de seguida?
E se o voltasses a ter mesmo sabendo que já não te pertencia?

O filme pára no momento crucial e, por mais que carregues no “Play”, ele não prossegue.

Demoras imenso tempo para chegar a um lugar, e quando lá chegas…esse lugar já não existe.
Uma imensidão de tempo a tentar encontrar a resposta para aquela pergunta incessante na tua existência…e um dia quando a encontras… já não precisas dela...já tens uma nova pergunta...

Tens um conjunto de regras guardado em ti que foste acumulando com o passar do tempo. Mas de que te servem todas elas? Na maior parte das situações da tua vida só conseguirás sobreviver se não as respeitares.

Qual é a resposta para tudo isto?
Qual é o propósito?

Para onde caminhamos?

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

“Can you feel this? I’m dying to feel this.”

Blood…flesh…screams…
Pain…pleasure…
I woke up again in a strange place…
There comes my world again…falling down…
The writings in the wall tell me things I can’t understand…
The room is full of empty boxes…empty glasses…empty bottles…
Emptiness…meaningless…
Despair…
Faded pictures scattered on the floor…nameless faces…
Empty pages on an old book…
I am alone.
Am I alone?
I can’t see my reflection on the mirror…once again…


“Kill me!”…the voices say…

It’s cold…so cold…
It’s dark…so dark…


Blood…cold blood on the floor…

Can you feel this?


This damnation…
This suffocation…
This agony …
This…

Silence…


I guess you can’t feel this…



I’m confused as I walk around in this horrific place…
“Don’t look at me!”…the voices scream…

Or am I the one who’s screaming?

I scream.

The door is locked.

I’m trapped inside this tragic nightmare.

Reality…or delusion?

“Die!”…the voices shout…

I can hear them… I can hear them…

Can I hear them?

I can feel their voices… like razors cutting down my skin…

Can you feel this?

There are no colours here…

I lie down on the floor...as I drown in this perverse black and white madness.

Can you feel this?


terça-feira, 24 de novembro de 2009

Às vezes esquecemo-nos...

Às vezes esquecemo-nos do que temos
De quem somos…e de quem não somos…
Esquecemo-nos de caminhos…de músicas…de pessoas…
Às vezes esquecemo-nos de onde viemos…e para onde vamos…
Esquecemo-nos das horas…dos dias…dos anos…
Esquecemo-nos de coisas das quais sempre nos lembrávamos…
Esquecemo-nos do que os outros se lembram…
Esquecemo-nos de sentir…de viver…
Às vezes esquecemo-nos do quão importante algo é, só pelo simples facto de não o ser para o resto do mundo…
Esquecemo-nos da chuva no Verão…e do calor no Inverno…
Esquecemo-nos do ruído quando estamos demasiado tempo no silêncio…

E de nos levantarmos quando caímos...
Às vezes esquecemo-nos que as coisas têm um fim…

...E que nem sempre há frases belas e inspiradoras nos finais dos textos…

(…assim como nem sempre há finais felizes na vida…)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Eu não sei como cheguei aqui…e não consigo daqui sair…
Não há nada para além daquela porta, e eu não tenho a chave.
Eu não sei para onde ir, porque não sei onde estou.
Estou perdida sem ter dado um único passo.
Mesmo permanecendo aqui, parada, perdi-me neste colosso de sucessões efémeras…
Às vezes as coisas vêm e vão tão repentinamente que nem nos apercebemos delas, e nem conseguimos ver o nosso lugar nelas…e por isso perdemo-nos antes de algo acontecer…
Estou tão perdida que nem consigo voltar para casa…que nem sei já onde é a minha casa…
Estou tão perdida que todos os lugares parecem iguais…
Tão perdida estou que nada mais me cativa…
Tão perdida estou que qualquer lugar é o meu lugar…e nenhum é de facto meu…
Eu não sei como cheguei aqui…parece que adormeci algures…e acordei aqui de repente, sem uma única pista de como aqui vim parar…sem um mapa para saber onde me localizo exactamente …
Uma parte de mim tenta desesperadamente escapar deste estranho lugar…outra parte de mim tenta encaixar-se neste puzzle…

Eu não sei como cheguei aqui…mas deve haver uma forma de sair…

domingo, 15 de novembro de 2009

"You pretend you're anything, just to be adored."

Um dos segredos da vida – a vida em sociedade - é eu saber até que ponto é que te consigo enganar, e tu saberes até que ponto é que me consegues enganar.

A vida em sociedade é isto…esquemas…enredos…farsas que criamos para acreditarmos e/ou levarmos os outros a acreditarem que tudo isto tem interesse.
Porque somos vendedores de mentiras. E vendemo-las sem nos apercebermos…ás vezes sem querermos…outras vezes de uma forma claramente intencional…algumas vezes vendemo-las as pessoas que não as queriam comprar…outras vezes vendemo-las aos que andavam exactamente á procura delas.
A vida, tal como a conhecemos, seria impossível se nos fosse retirada a possibilidade de mentir. Mentir é o respirar da sociedade. Ninguém nota. Ninguém se importa. Todos seguem o mesmo costume sem questionar.
Mentimos…fingimos…iludimos ….enganamos…simulamos…seja qual for o nome que lhe dermos …a intenção é a mesma.

Frases como “Mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo” e “ A mentira tem perna curta”…não fazem muito sentido…porque, na verdade há imensos mentirosos que nunca foram apanhados e jamais serão…e mentiras que nunca chegam a ser vistas como tal…

Até que ponto conseguimos iludir os outros para que eles nos idolatrem? Para que nos tornemos deuses? Para que todas as nossas acções e frases sejam dogmas indubitáveis?
Até que ponto conseguimos transfigurar a nossa realidade e a realidade daqueles que “compram” as nossas mentiras?
Está aí alguém?
Uma voz?
Uma sombra?
Uma existência qualquer?
Alguma coisa…
Daqui nada surge…tudo se consome em fragmentos de irrealidade…

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

E há sempre um momento em que o que eu escrevo não tem sentido algum...

Há sempre um momento em que perdemos mais quando ganhamos…
Um momento em que partimos mais quando ficamos…
Um momento em que mentimos mais com a verdade…
Um momento em que nos interessamos mais quando mostramos indiferença…
Um momento em que falamos mais com o silêncio…
Há sempre um momento em que despertamos mais quando adormecidos…
Um momento em que o calor é mais frio que o próprio frio…
Um momento em que estamos mais sozinhos rodeados de pessoas…
Um momento em que choramos mais a sorrir…
Um momento em que nos falta mais quando já temos tudo…
Há sempre um momento em que somos mais novos mesmo mais velhos…
Um momento que mesmo curto permanece por uma vida…
Um momento em que o errado é certo…
Um momento em ajudamos mais se não ajudarmos…
Um momento em que saímos muito antes de entrar…
Há sempre um momento que as contradições redundam-se…as redundâncias adjectivam-se…os adjectivos contradizem-se…o preto é branco…o dia é noite…os ouvidos vêem …os olhos saboreiam…as mãos ouvem…em que a perfeição é imensamente imperfeita…a beleza é medonha…e a hediondez é harmoniosa…o sangue é água…e a água é veneno… as lâminas são suaves como penas…em que os sonhos nada mais são que pesadelos… o subjectivo é objectivo….o perto é excessivamente longe…e sim…o fim é o inicio…a minha preferida de todas as contradições…


Solidão

Caminho por entre a multidão…e as ruas estão vazias…
Pessoas…pessoas e mais pessoas…preenchem o espaço…e, no entanto, está tudo deserto…
Está escuro…e o dia acabou de nascer…
Há vozes espalhadas em torno da minha presença…mas o silêncio inunda a minha passagem…
Há caras familiares para onde quer que olhe…e,no entanto,todas são desconhecidas para mim…

Estou sozinha…e,no entanto, não estou só…

domingo, 25 de outubro de 2009

“Forget the freak, you’re just nature.”

I’ve got beer on my dress…
I’ve got ash on my shoes and my hand is burned.
The world is spinning around and I feel sick.
Who are you?
Have you been here all along?
Are you the only witness of my decay?
Somebody killed the night, and I don’t know how.
Was it I?
I’m talking random. I’m saying things I shouldn’t never had said.
I’m walking to the edge…I’m doing things that will haunt me later.
Where am I now?
I feel like I’m lying on the floor.
I’m really lying on the floor.
They’re saying things…I can hear them…but they think I don’t…
I’ve never been so conscious before, and yet, I have no idea what I’m thinking of.
I’ve got beer on my dress…I’ve got ash on my shoes…and I think that I’ve just died…
I know what you’re thinking… “You took too much…or “you’re just too pathetic…you pretend that you’re controlling the situation but, look at you…you’re such a mess…what the hell do you want to prove? Just go ahead, drink a little bit more…maybe just another drink…we know that you can do it…we know that you want to do it…look at you…you’re such a joke! You’re ridiculous! You’re so sad that make us laugh!”

All the people around me look like horrific monsters that came to devour me alive…

Everything is blurry…
Everything seems drenched in a giant white shadow…
The reality is just a bunch of holograms…

And I don’t care…I really don’t…

Should I care…?


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

...............

Estás perdida. Acabada.

Todos os dias acordas no mesmo sítio, da mesma forma.
Estás presa numa rotina que não é a tua, mas na qual entraste por acidente e agora da qual não consegues sair.

As medicações acumulam-se.
Cada vez mais fortes. Cada vez mais mortíferas.

Psiquiatria sala à direita. Suicídio sala à esquerda.


Sobrevives. Tentas sobreviver, fugindo da sobriedade dos dias.

As garrafas sucedem-se…uma após outra…vazias.


Terapia sala à direita. Suicídio sala à esquerda.


Queres partilhar connosco a tua história?
Nós ajudamos-te.
Só tens que falar.

Não funciona.

Mais um dia. Mais um fracasso.

A comida não tem sabor. Já não a sentes. Já mal consegues mastigar. Nem dormir. As tuas funções vitais estão a deteriorar-se.

Hospital à direita. Suicido à esquerda.

Há pessoas a chamarem-te.
Ouves?
Provavelmente não ouves. Ou se as ouves preferes ignorá-las.
São apenas ruídos longínquos e absurdos que tentam irromper o teu delírio.

Fala. Diz o que sentes. O que vês que os outros não vêem.
Conta. Expõe o quão doente és. Todos vão querer ouvir-te. E ajudar-te.
Vai correr tudo bem.

Psiquiatria sala à direita. Suicídio sala à esquerda.


A loucura é a única coisa que torna a vida interessante, porque transfigura-a.
Disfarça-a. Suaviza-a.



Enchem-te a cabeça de ideias. Dogmas. Crenças, cuja única função é manipular-te e privar-te de quaisquer hipóteses de livre arbítrio.

A tua alma está impura. As tuas mãos também. Todo o teu corpo.


Confissão sala à direita. Suicídio sala à esquerda.

Fala. Confessa tudo. “A verdade libertar-te-á.”
Deixa o bem prevalecer sobre o mal.
Só assim poderás ser perdoada.


És inconsequente. Inconsciente. Absurda. Desequilibrada.
Vives num mundo à parte que criaste para te proteger da realidade, mas agora os monstros que alimentaste na tua cabeça, estão cheios de vontade de te devorar.

Precisas de dormir. Meses.
E no entanto, não consegues acordar.

Estás sozinha. Completamente sozinha.
Pensavas que não?!

Como podes ser tão cega?

Tentas sair. Há uma porta.
Podes sair. Só tens que abrir a porta, e sorrir.

Realidade sala à direita. Suicídio sala à esquerda.

Tudo o que tens a fazer é escolher, mas não importa o caminho, o final é o mesmo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Quebrei o espelho de novo.

O sangue seca nos pedaços de vido espalhados pelo chão.
O meu reflexo repousa agora nas entranhas do inferno.

Espectros canibais famintos ressurgem no caos.

Quem sou eu?

Não sou mais eu.

O pêndulo indica uma resposta para a qual eu não tinha sequer formulado uma pergunta.


Não sei ao certo o que criei. Não sei igualmente o que matei.
E não sei o que permaneceu.

Peça a peça. Membro a membro.

Sucumbe…


Lentamente…dolorosamente.




O inicio teve o seu inicio.

O recomeço teve o seu recomeço.

O fim não terá o seu fim…





segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Algumas coisas foram feitas para se perder.
Alguns dias nascem apenas para não se viver.
Algumas palavras não são para se dizer.
Algumas certezas existem para não se ter.
Algumas portas fizeram-se para não se abrir.
Alguns arco-íris são a preto e branco.
Algumas coisas estão condenadas á partida.

domingo, 18 de outubro de 2009

Na vida tudo é uma questão de atitude.
De nada adianta alcançar um objectivo, se por dentro, na nossa consciência, contradizemos em tudo as noções desse mesmo objectivo.
Não adianta vestirmos o hábito, se não somos o monge.
É agora…á luz verde da noite que abraça o meu redor…que tudo me parece claro…que o caos e a serenidade se juntam…que sou um ser indecifrável numa imensidão desajustada…há imagens, sons…antigos…recentes….permanentes e efémeros…e eu sou uma sombra inerte nesta infinidade de luz que rodeia o meu corpo…

E o mundo tornou-se um lugar estranho para pessoas como eu…

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

“Não peço que me sigam, pois também estou perdida …”


Quanto mais tento descobrir algo de “bom” em mim, mais me apercebo de que o mais provável é não haver mesmo nada de bom em mim. É uma realidade que eu tenho que aceitar. Alguém um dia me disse que eu não era uma má pessoa, mas que gostava de fingir que o era. Mas estava muito enganado, porque o que é verdade é exactamente o contrário: sou uma péssima pessoa, a tentar parecer boa pessoa. No fundo sou uma criadora de mentiras, de disfarces, de enigmas…e tudo isto me deixa bastante desordenada. Não sou mais que uma personagem de uma história qualquer que eu criei, e da qual não consigo sair. Perdi a capacidade de discernimento entre a “minha” realidade e a minha ficção.
Confuso isto, não?
Não sei…talvez…
Descobri que tenho uma certa habilidade para criar ruína, pouco a pouco…vai minando…
Tenho igualmente uma habilidade extraordinária para ser completamente desinteressada em relação a tudo e a todos.
Será o meu verdadeiro “eu”…ou a minha personagem?
Ou o meu verdadeiro “eu”, é no fundo a personagem…
Seja como for, tudo surge de forma extremamente confusa para mim…estou meio emaranhada entre vários mundos, várias realidades, várias personalidades…alucinações…sonhos…pesadelos…e momentos de qualquer coisa a que nem sei se lhe possa chamar “realidade”…
Afinal a realidade e a ficção são bastante subjectivas.
Como saber onde começa uma, e acaba a outra…ou vice versa…
Eu promovo o caos. Como se fosse uma certa forma de prazer escondido…
E depois, no fundo ainda consigo-me “divertir”com este caos autoproposto.




Uma vez mais volto a este poema…porque continua a fazer imenso sentido.

“Não peço que me sigam,
pois também estou perdida.
Desconheço até as profundezas de mim mesma,
persigo em busca de respostas
e só encontro a individualidade obscura contra as verdades absolutas, hipócritas....
Às vezes renuncio ao consciente para me sentir viva
e fantasio nas sombras do subconsciente
e por mais que seja ilusão,
vejo uma realidade minha,
reflexo da minha imaginação..."

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A ruína amontoa-se.

Vezes sem conta. Vezes demais.
Eu não a consigo parar. Varre-la daqui.
Há uma estagnação. Uma inércia na existência circundante.
Será isto o fim? Ou o início?
Será este o mal? Ou a cura?
O que quer que seja aproxima-se…e afasta-se simultaneamente.

domingo, 11 de outubro de 2009

Eventualmente, acabamos por seguir os caminhos errados na vida. Nada a fazer. Acabamos por numa certa altura da vida por perder o controlo da realidade, dos factos. As situações desenrolam-se á nossa volta e tudo surge como um conjunto de hologramas. Às vezes parece que não conseguimos tocar a realidade, como se tivéssemos sido depositados à pressa dentro de um filme. A história já está delineada, os personagens seguem o seu rumo. E a nós não nos é permitido alterar nada. Limitamo-nos a ficar a observar o decorrer da história. No entanto, poder-nos-á agradar a posição de passividade. É confortável.
Eventualmente, dizia eu, acabamos mesmo por seguir os caminhos errados na vida…e às vezes escolhemo-los…mesmo só por serem errados. Eventualmente, encontrar-nos-emos em situações estranhas, com pessoas estranhas em lugares ainda mais estranhos. Às vezes parece que algo interrompe o seguimento normal do “filme”, há partes que parecem cortadas, e portanto não percebemos a sequência de algumas cenas.
Eventualmente, os nossos sonhos não se irão realizar. Pelo menos a maior parte deles.
Os sonhos são uma espécie de “cenoura á frente do cavalo”, são apenas um incentivo para continuarmos contentes no dia-a-dia. É como em miúdos quando nos diziam que o Pai Natal existia, e que, se nos portássemos bem, ele trazer-nos-ia o presente que tanto desejávamos.
Os sonhos são publicidade. Ficção.
Eventualmente, a maioria das pessoas que consideramos importantes para nós hoje, deixarão de o ser com as circunstâncias da vida.
Eventualmente, teremos muitos momentos felizes. Uns longos outros muito curtos. Segundos apenas.
As coisas não serão boas o suficiente para nos deixar satisfeitos sempre, mas não serão igualmente más, que nos sintamos miseráveis o tempo todo. A vida é uma questão de equilíbrio e perspectiva.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Pelas coisas que nunca te disse, e que não te direi.
Pelo sim, pelo não.
Pelo oposto e pelo conciliável.
Pelos dias, pelas noites.
Por dentro e por fora.
Pelos sorrisos e pelas lágrimas.
Pelas dúvidas e pelas certezas.
Pela crueldade das horas, e pela frieza das circunstâncias.
Pelo que foi. Pelo que não foi.
Pelo que não será. Nunca.
Pelo que pensei.
E não pensei.
Pelo caminhar para o abismo.
Pelo regresso.
Por tudo.


Nada.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Megalomania - "Cupid bought a gun..."

É excessivo. Doentio. Obsessivo.
Contamina. Corrói. Esmaga.
É ensurdecedor. É como se o mundo repetisse em surdina a mesma palavra.
É uma partida. Sem regresso.
É uma queda. Sem consolação.
É quando se apaga a última luz viva. Como se de repente as estrelas se descolassem do céu e caíssem no solo…mortas…apagadas…para sempre.
É o momento em que a voz não consegue trespassar a barreira do silêncio. Quando as unhas ferem o branco da parede. E quando a primeira gota de sangue inunda o chão.
É o sufoco. A inexistência abrupta do nada sombrio.
É o momento em que o relógio permanece estático nas mesmas horas.

São seis da tarde? Meia-noite? Que dia é hoje?

E é sempre assim…quando um eco longínquo entoa de uma forma trémula e descompassada uma melodia há muito perdida…

É o choro da noite. O canto do silêncio. A dança das sombras.

É um veneno. Um tumor. Uma infecção. Um cadáver a céu aberto.
Uma poça de sangue putrefacto.
Uma luz em câmara lenta, num deserto de carne desfeita…destroços…

É a paranóia. A demência. A tragédia exasperada.
È uma necessidade compulsiva. Um vício.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

"Life is an aimless drive that you take alone..."

Isto - a vida - não é um relato sobre grandiosas aventuras, enormes sorrisos e finais felizes…não é disso que a vida se compõe…a vida é, na sua essência mais pura e crua, solidão. Solidão e nada mais. E desenganem-se os idealistas desde o inicio. Será mais fácil depois lidar com a realidade. Demasiadas ilusões e esperanças só provocam mais solidão…mais dor.
De nada adianta serem “boas pessoas”, praticarem boas acções… as boas intenções não vos ajudarão, pelo contrário deixar-vos-ão mais vulneráveis…fracos…
Há uma enorme quantidade de pessoas cruéis que conseguem ter uma vida longa e próspera, e, por outro lado, há uma enorme quantidade de pessoas que se dedicam a ajudar outras enquanto que a vida delas se desmorona sem que ninguém se importe. A vida é atroz para as pessoas “boazinhas”. É um facto.
Podemos acreditar que a atitude positiva ajuda, mas devemos consciencializarmo-nos de antemão que a vida é uma jornada solitária…e que é completamente inútil lutarmos contra isso.
Estamos inevitavelmente condenados a viver para o tempo que ainda não nos pertence, a acreditar que o “amanhã será um dia melhor”…e o amanhã chega repentinamente e saberemos que tudo será igual.
Desiludam-se aqueles que vivem embalados em histórias utópicas e falsas crenças de felicidade eterna.
Isto não é uma exposição moralista de premissas aleatórias do senso comum…a vida na sua natureza mais genuína, é hostil…e de nada adianta tentarmos enganar os factos com eufemismos baratos.
O mundo não pára quando têm que chorar…simplesmente não quer saber…o mundo não espera por vós se precisarem de um tempo extra para delinearem a vossa vida…que importa isso? Nada…
Como já referi a vida é uma jornada solitária…acabarão por se aperceber disso (caso ainda não se tenham apercebido), que ao longo do vosso caminho vão deparar-se com situações em que a única pessoa com a qual poderão contar, é a vossa própria pessoa. Solidão…é disto que é feita a vida…não de sonhos como alguns acreditam…e fazem acreditar…a vida é uma viagem embrenhada em solidão. E pronto. Ninguém se importa. Eu não me importo.
Espero que percebam que o facto de eu pensar assim, não é, evidentemente uma escolha de ânimo leve, é não mais que uma constatação de episódios repetitivamente sucedidos em momentos constantes ao longo do tempo.


terça-feira, 29 de setembro de 2009

Havia um tempo...

Havia um tempo em que eu sorria ao ver uma estrela cadente. Sorria e pedia um desejo.
Acreditava que a vida era simples. Feita de estrelas cadentes e desejos realizados.
Havia um tempo em que eu não tinha ainda atingido a superfície da realidade, andava dispersa em ilusões e esperanças no mais profundo da minha inocência. Era criança.
E não conseguia ser mais nada. Era feliz. Tinha pessoas felizes á minha volta. Os dias eram grandes, e neles cabiam todos os meus sonhos.
Havia um tempo em que nada importava. Apenas o presente. As decisões não definiam uma vida. Tudo era momentâneo e encantador.
Depois não sei o que aconteceu, eu mudei. O mundo á minha volta mudou. Mudaram os lugares, as pessoas, e os dias ficaram mais curtos e até as estrelas desapareceram do céu, ou eu comecei a esquecer-me de olhar para elas.
E alguém me disse que eu crescera. E haveria de continuar a crescer. E não havia nada que eu pudesse fazer. Era um processo fustigante e completamente irreversível.
Implicava mudanças. Á minha volta e em mim. E eu aceitei essa situação. E o tempo passou. Eu fui passando com ele. E vendo-o passar. A deixá-lo passar.
Pouco a pouco deixei de reconhecer a pessoa que me olhava no outro lado do espelho.
A distância aumentou. As caras á minha volta mudaram uma e outra vez...em chegadas e partidas... dia após dia fui-me perdendo em constantes metamorfoses e quase nem me dei conta disso…
Hoje sei que a vida não é feita de sonhos. E já não olho tanto para o céu e por isso já não vejo estrelas cadentes.
Mas se vir alguma, tenho a certeza que vou sorrir - um sorriso que me vai levar de volta a casa, á infância, á inocência… - e, claro vou pedir um desejo...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Cansaço

Estou cansada. Um cansaço interno. Nos ossos. No sangue Na pele. Na consciência.
Um cansaço que se arrasta e permanece.
Estou cansada de ser …todos os dias.
Cansada de saber…todos os dias.
Cansada de acreditar…todos os dias.
Cansada de pensar…todos os dias.
Cansada de ser eu…todos os dias. Cansada de ver o meu reflexo no espelho.
Cansada da realidade e da idealidade. Cansada do meu mundo e do mundo lá fora.
Cansada da rotina e da não rotina.
Cansada de mudar e permanecer na mesma.
Cansada de andar e não sair do mesmo lugar.
Cansada das palavras. Das frases. Cansada do silêncio.
Hoje acordei cansada. E faça o que fizer, continuarei cansada.
Combustão. Sistemática.
O mundo em pedaços visto através de um vidro de uma janela de um carro.
É noite.
Não estou a ir. Estou a voltar.
Estou virada do avesso. Uma peça retirada do seu espaço.
Este é o momento em que percebo que a vida é isto. Nada mais.
Há um sentimento incómodo. Há silêncio. Em excesso. Há calma. Em excesso.
A escuridão e a luminosidade na noite em simultâneo sinalizam uma tempestade iminente.
E eu sei. Sou cúmplice. Sei que está próxima.
Que poderia eu fazer para a impedir?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

.........................................................................

Dias vazios. Ilusões perdidas em horas ociosas. A desocupação acumula-se nas estantes. Nos vidros das janelas. Os ponteiros do relógio movem-se num compasso moroso. Sente-se o tempo a passar. Sente-se nos objectos. No ar. Em mim.
Sente-se o tempo a passar…e não passa…

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Talvez te tenha dito muitas coisas. Algumas vezes. E poucas coisas. Imensas vezes.
A verdade surge crua na minha frente. Não sei como alterar esta inabalável presença de dias. Momentos. Serenidade. Desordem. Renovação.

Tu não és mais a mesma resposta. Não tenho mais as mesmas perguntas.

Tu não és mais a resposta que eu procuro. Mudei as minhas perguntas.

Voltei atrás imensas vezes. Vezes demais, eu sei.
Destruí tudo o que havia construído vezes sem conta.
Mas agora recomeço em branco. Recomeço de um nada desprovido de tudo.

sábado, 19 de setembro de 2009

Agora, enquanto espreito pela janela para o mundo que se apresenta lá fora, sinto que há um tom de despedida no sol que vem a nascer, nas cores do dia que cresce na imensidão…
É o fim.
É o inicio.
É.
Não é.

domingo, 23 de agosto de 2009

Foste o inicio. o fim.
a ausência e o sufoco.
foste a maresia perdida...
foste a esperança e a vontade.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

É sempre tarde. momentâneo e desconsertado.este dia.estas horas.a luz.o ar que respiro.

é o fim, eu sei. vira-se as costas e nada mais há a afirmar ou interrogar.

O que fizeram de ti?

Será que ainda sabes o caminho para casa?

Será que um dia as coisas voltarão a ser como antes?

sem medos. sem perguntas.

Imensas perguntas pairam na tua cabeça, enquanto apertas na tua mão o pequeno pedaço de papel que te irá levar para longe. o teu bilhete para o "seja o que for".

Talvez um dia voltes, e ao voltares tentes viver tudo de novo e ver a beleza onde nunca conseguiste ver antes. e nunca mais voltes a partir.

Ou talvez nunca mais voltes. E deixes que tudo perca a tua memória, e que deixes simplesmente de existir neste lugar.


quinta-feira, 30 de julho de 2009

  • Ultimamente coloquei-me em piloto automático e não comando o que digo nem o que faço.
    Estou algures a observar-me...e tudo o que vejo é uma junção completamente inútil de actos patéticos
    .

Dissonância

Queria ser mais forte. Talvez mais cega. Talvez mais inteligente. Queria ser bela. Bela aos teus olhos. Queria que me fizesses odiar-te. Queria matar-te da minha pele. Estou só. A solidão é fácil de enfrentar. Vagueio solitariamente pelas ruas. As estrelas caem sobre os tectos dos prédios da cidade. Por toda a parte há um rumor desalinhado em torno de mim. As fibras sonoras da civilização circundante ressoam numa dissonância trémula. Para onde foi o meu mundo? Para onde foram os meus muros? As minhas paredes. As minhas portas. As minhas armaduras. Estou permeável, aqui, perdida no meio deste labiríntico caos de ruas desconexas. Procuro-te. Procuro-te? O teu sangue.
È apenas o teu sangue. No chão nu. O teu sangue. Frio. E eu permaneço aqui. Calada. Quero enterrar-te. Eu enterrei-te!
Queria ser mais forte. Uma tempestade. E devastar-te. Varrer-te daqui…de todos os lugares onde permaneces. Queria ser mais cega. Nada ver. Nada sentir. Ser um corpo emerso á superfície de um qualquer rio e mover-me apenas ao sabor da corrente. Queria ser mais inteligente. E saber exactamente o caminho que tenho que seguir para desprender-te de mim.

terça-feira, 28 de julho de 2009

O que somos nós?

É uma multidão.
É um caos.
A realidade.
Os dias.
São horas.
Parcelas ilusórias do tempo.
O que é o tempo?
O que somos nós?
Túmulos. Frios. A céu aberto. Com lápides repletas de inscrições vazias.
Fragmentos de músicas tristes.
Restos. Restos de momentos varridos na enxurrada do tempo.
Tempo. Sempre o tempo.
O herói e o vilão nas nossas vidas.
Tentamo-lo agarrar e ele escapa-se das nossas mãos sem nunca o termos tocado.
O que somos nós?
Candeeiros estáticos na rua. Com lâmpadas incandescentes e dissolutas.
Carcaças em movimento sem sintonia num caminho abstracto.
Viajantes desconhecidos no tempo.
O tempo. Molda-nos. Moldamo-lo. Destrói-nos. Destruímo-lo.
O que somos nós?
Tumultos de epiderme espalhados aleatoriamente pelo espaço.
Vozes exasperadas num vácuo profundo.
Gotas de chuva secas pelo tempo.
O tempo. Corre. Cessa. Mata-nos. Matamo-lo.
O que somos nós?
Cadáveres amontoados num cenário pós-guerra.
Desarmados. Sem vida. Sem…tempo…

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Quero que saibas que parti.
Não me procures mais, não me vais encontrar. É inútil.
Não adianta fazeres o que quer que seja para mudar as coisas.
Nada.
Não há mais nada aqui.
Apenas o vazio me cerca. Te cerca.
Quero que saibas que nem tentei. Nem por um momento tentei. Fui cobarde e virei as costas á realidade.
Já nada me importa.
A brisa da manhã não é mais doce e o sol não nasce mais no horizonte.
As portas fecharam-se. Nenhum ruído trespassa este muro.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

E é então que um dia…um dia normal...como qualquer outro…
Um dia…quebramos todas as amarras…viramos as costas…fechamos as portas…não olhamos para trás…e deixamos a nossa vida começar…

terça-feira, 16 de junho de 2009

Há pessoas que julgamos inimigos e nos quais descobrimos amigos…
E há pessoas que julgamos estarem ao nosso lado…e estão muito longe…
Há dias de Verão tão frios!
E há dias de tempestade…tão calmos…
Há mentiras que nos fazem felizes…e verdades com lâminas muito afiadas…
Há noites claras...e dias tão sombrios…
Há humanidade nas pessoas que mostram expressões agressivas…e ódio naqueles que nos sorriem todos os dias…
Há horas tão curtas que nem nos dão tempo para respirar…e há minutos tão longos que nos sufocam…
Há erros nas coisas perfeitas…e harmonia na imperfeição…
Há feridas saradas que nos corroem…e feridas abertas das quais nem nos apercebemos…
Há pancadas que não fazem qualquer mossa…e palavras que nos fustigam a alma…
Há caras desconhecidas que nos parecem familiares…e caras familiares que serão sempre desconhecidas…
Há lugares que permanecem uma eternidade imutáveis…e lugares que já não reconhecemos a cada momento que passa…
Há dias de embriaguez lúcida…e noites de sobriedade entorpecida …
Há poemas escritos em folhas de papel…e poemas escritos em gestos…
Há realidades tão ficcionais…e ficções imensamente reais…
Há uma solidão no meio da multidão … e um abrigo no isolamento….
Há pessoas com armaduras facilmente permeáveis…e pessoas impermeáveis na sua nudez…
Há uma imensidão e um final…
Uma chegada…e uma partida…
Há saudades do que nunca se teve…e indiferença pelo que se tem…
Há ruídos mudos …e silêncios ensurdecedores …
Há gritos calados…e sussurros clamados…
Há mágoas acolhidas …e felicidade rejeitada…
Há frases que relembramos uma vida inteira…e há um dia em que viramos as costas…
Há lágrimas de alegria e sorrisos dolorosos…
Há histórias que sabemos o final apenas pelo título…e histórias que não têm fim…
Há textos imensamente extensos que nada dizem…e folhas papel em branco que tudo dizem…
Há aquilo que somos…a essência…aquilo que fica dentro das janelas e das portas fechadas…e há a película invisível que todos os dias envergamos… a fraude da nossa criação…

Somos uma fraude…um abismo…sem consolação…

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Algumas pessoas permanecem caladas…
Outras gritam o tempo todo!
Algumas pessoas vestem a sua melhor roupa e saem para conquistar a noite.
Outras conquistam a noite com um sorriso.
Algumas pessoas caminham sozinhas pela rua com olhar desinteressado…
Outras caminham pela rua interessadas em tudo…
Algumas pessoas fazem listas de compras e compram tudo excepto o que está na lista…
Outras não fazem listas e compram tudo ...

Algumas pessoas têm agendas com dias bastante preenchidos…
Outras têm apenas agendas…
Algumas pessoas têm medo do escuro…
Outras, porém vivem na escuridão uma vida toda sem, no entanto temerem nada
Algumas pessoas magoam os outros com mentiras compulsivas…
Outras magoam-se a elas próprias com sucessivas verdades…
Algumas pessoas bebem café para acordar…
Outras tomam comprimidos para adormecer…
Algumas pessoas escrevem…escrevem muito…
Outras…lêem…lêem imenso…
Algumas pessoas são modelo de comportamento para as restantes…
Outras são o exemplo exacto que como não se deve comportar…
Algumas pessoas vivem fechadas nas suas casas…
Outras vivem na rua….
Algumas pessoas procuram respostas…
Outras procuram lugares…
Algumas pessoas fazem perguntas…
Outras indicam direcções…
Algumas admitem que erram…
Outras proclamam que estão certas…
Algumas pessoas jogam…
Outras fazem as regras…
Algumas pessoas são peritas em fórmulas químicas…
Outras gostam de flores…
Algumas pessoas arrumam coisas…organizam tudo…
Outras vivem numa constante desarrumação…
Algumas pessoas comem…comem demasiado…
Outras passam fome…imensa fome…
Algumas pessoas são encarceradas…
Outras são forçadas á liberdade…
Algumas pessoas confessam os seus pecados…
Outras pessoas demonstram as suas virtudes…
Algumas pessoas são belas…
Outras ainda não foram descobertas que o são…
Algumas pessoas controlam o tempo…
Outras gastam-no…
Algumas pessoas têm pesadelos…
Outras provocam-nos…
Algumas pessoas são obrigadas a afastarem-se…
Outras promovem o seu auto-afastamento…
Algumas pessoas falam vários idiomas…
Outras são mudas…
Algumas pessoas acreditam que amam…
Outras sabem que não…
Algumas pessoas usam disfarces pelo Carnaval …
Outras usam disfarces uma vida toda…
Algumas pessoas são felizes e nem o sabem…
Outras fingem sê-lo...
Algumas pessoas são passado…
Outras são futuro…
Quase nenhumas são presente…
E hoje percebi…que no final, a nossa vida resume-se a isto…a fragmentos de nós empacotados num monte prontos a ser transportados…

domingo, 31 de maio de 2009

Aqui

Aqui, onde agora permaneço imóvel a olhar o infinito distante…
Já fui muitas pessoas…
Já vi o amanhecer…
A sorrir…
A odiar-me
Arrependida…
Dormente…
Já chorei…
Já me isolei…
Saí imensas vezes depois…
Algumas vezes sem rumo….
Outras a saber exactamente onde queria ir…e acabando por ir a outros sítios…
Aqui…
Fechei a porta muitas vezes…
(talvez vezes demais…)
Aqui…
Onde agora apenas permanece o eco moroso de dias passados…
Já desejei não ser…e era…
E desejei que fosse…e nunca foi…
Aqui…
Tive medo do escuro…
Da multidão…
Do vazio…
do silêncio…
Por aqui…
Passaram as Estações…e eu com elas fui…e voltei…
Voltei sempre…
Aqui…
Os dias e as noites…
A luz e a escuridão…
O frio e o calor…
A chuva e o vento…
Aqui…
O regresso…
O refúgio…
Aqui…
A inocência e a maturidade…
A expectativa e a desilusão…
O auge e o declínio…
Aqui…
Nem sei se tudo o que recordo aconteceu realmente…
ou se criei em mim ilusões de momentos…
Aqui…
Caí…e levantei-me…
Aqui…
Um pedaço de vida…
Aqui…
Fui o bem e o mal…
E passei, sem hesitar, para o outro lado…
Aqui ….
Onde agora o vácuo das paredes entoa fragmentos
De horas adormecidas….fui imensas pessoas…
E todas elas estão agora espalhadas em cada canto deste espaço inerte…

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Não importa o que quer que eu faça…acaba sempre em tragédia…

terça-feira, 26 de maio de 2009

Lucidez...


Estou lúcida…

Hoje estou completamente lúcida…

E o facto de estar tão absurdamente lúcida deixa-me desconfortável…

Vejo todas as coisas…e percebo todas as coisas...

O que é…é…e não parece outra coisa qualquer…

Os objectos permanecem estáticos nos seus lugares de sempre…

Não há aquela musiquinha silenciosa a vibrar nos meus ouvidos…

Estou lúcida…límpida…
Estou dentro de mim…não há nada mais para além desta realidade…horas…e mais horas…

Sucessão de tempo…

Lucidez…

Sobriedade alucinante…

Vazio…

Espaço entre as coisas…e espaço ocupado…

Elipse…

Caminho pela rua e parece que toda a gente grita o teu nome em surdina…

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Eu sei …
Hoje eu sei…eu vou conseguir…

terça-feira, 5 de maio de 2009

Auto - Indulgência Cega

Amnésia…é tudo o que preciso agora…
Nada mais… neste jeito demorado de viver as emoções frias no calor de uma tarde como esta…ou como outra qualquer…
A minha pele gela…
Pela janela da minha consciência observo a realidade que nada me diz…
Eu sei…a culpa é minha…a minha loucura é premeditada … indulgente…
Não altera nada…na verdade, o que muda é o meu arrasto para o fundo…
Nada sei…sabendo tudo…não tenho rumo…sabendo bem o rumo que quero tomar…nada faço…sabendo o que deveria fazer…nada digo…sabendo o que deveria dizer…
Se a culpa é minha…e é, de facto…então acho que mereço isto…

segunda-feira, 4 de maio de 2009

“Can’t you see I’m selling lies?”

Ruídos confusos… música ... Silêncio...piadas más…
Felicidade... Mentiras... medos... Cigarros e vinho barato… Loucura ... Promessas de mau sexo… Toma outro comprimido e vai dormir... Amanhã já vai estar tudo bem ... Preguiça... Sonhos ... Pesadelos ... Solidão ... Se me vires na rua, por favor, não fales comigo... Noites absurdas... Pessoas aleatórias... Amor ... ódio ... apatia… Põe um novo vestido e vai! Tu não precisas de mim e eu não preciso de ti... A vida é um lugar estranho... Jogos ...
Sabores casuais ... Relações casuais ... Insanidade casual ... Luzes ... escuridão ... Esperança ... a ir e vir ... Conversas sem sentido ... Lutas inúteis ... Sucessos ... fracassos ... Labirintos complicados ... Estou perdida e tu não podes encontrar-me... Pecados… erros... Conquistas …vitórias…Mesas ocupadas... Portas abertas… Pegadas no chão... É de manhã outra vez e sinto-me miserável ... Onde estive eu? O que é que eu disse? O que é que tu disseste? O que é que eu fiz? Tento comprar algum entorpecimento... Há sentimentos que o dinheiro não pode comprar ... É tarde e estou a bater á porta errada novamente. Como é a realidade? Os meus olhos não a conseguem ver... Estou deitada na relva e o meu corpo dói... Acho que exagerei outra vez... Olha-me nos olhos e mostra-me toda a crueldade da tua indiferença!
Caminho no meio da multidão implorando por alguma resposta. A minha cabeça está demasiado pesada para pensar. Por favor, dá-me outra bebida! Os meus dedos estão frios... a minhas pernas tremem. Esta é a última vez... Prometo! Amanhã vou ser pura! Vazio... Melancolia… Preciso de uma canção triste para me fazer chorar! Ouço-te a falar mesmo ao meu lado mas não consigo entender uma palavra do que dizes…acho que preciso de descansar. Acordei de novo, num lugar desconhecido... e é apenas o meu quarto...
O meu espelho mostra uma expressão desinteressada... Que horas são? Acho que tenho andado a saltar dias ... Garrafas vazias deixadas na mesa ... Roupas espalhadas aleatoriamente no chão ... Quero esquecer tudo ... Não preciso da tua pena ... A luz do dia magoa-me. Outra noite inútil ... estou mais perto do paraíso ... Deixa-me aqui ... Não vou dizer nada ... A minha mente está vazia ... estou oca ... A realidade está muito longe ... Estou a abandonar-me... Não me interpretes mal ... eu não sou uma boa pessoa ... Não preciso da tua atenção ...Sou uma desordem ... sou feia… Sou um enigma ... e adoro fingir ... O que estás a dizer-me esta noite... eu não me vou lembrar amanhã... Eu não gosto de ti e tu não gostas de mim... é muito simples!Não digas que eu sou a melhor coisa que já viste na estúpida da tua vida! Estás a pôr-me doente! Onde estou? Que lugar é este? Estou sozinha e não reconheço todas estas caras á minha volta. O que estou a fazer? Acho que estou a perder o controlo... De repente, tudo é apenas uma mancha... Mais uma manhã caótica... Estou a acordar... Por favor, não me digas o que aconteceu... Não preciso de saber o final da história...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Melancolia...

A minha vida tornou-se melancólica…como o primeiro dia de Inverno…o primeiro dia de chuva…e eu não sei é de mim…ou… nada mais importa…
Os dias já não passam como dantes…os momentos sucedem-se sem que eu me aperceba deles…nada sinto…nada faço…estaticamente permaneço numa agonia desacertada…
Salta! Tens que saltar!
Vou saltar…
Os dias estão suspensos…em vagas horas de equidade consciente…
As luzes da cidade estão enevoadas…sem brilho…os sons dos carros que transpõem a ruas por onde caminho, despertam-me para uma realidade que não quero aceitar…
Acorda! Tens que acordar!
Vou acordar…
Que frio é este que rompe a minha pele?
Mesmo agora que sol brilha no seu esplendor…e há calor na cara das pessoas que passam por mim…
E toda a minha existência se resume a esta hipotermia sem remédio…
Que sentimento é este que veio ressurgir a minha doce dormência?
Dorme! Tens que dormir!
Vou dormir…
Vagueio horas sem sentido por entre aglomerados de vozes mudas…de pedaços de vidas dispersadas por aí…fragmentos de sanidade que tentam irromper por entre o meu escudo protector…
Já não consigo pronunciar palavras…ou construir algum pensamento consciente…
Há ruídos descontínuos na minha cabeça que não me deixam raciocinar…
Pensa! Tens que pensar!
Vou pensar…
Há qualquer coisa nestes dias que me deixa embriagada em frustração…ou então não é dos dias…é de mim…

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Sabes…acho que nunca te disse…
Não…nunca te disse mesmo…
Muitas vezes tentei dizer-te…mas as palavras ficaram sempre retidas algures entre a realidade e a idealidade …
Eu sei que no fundo tu jamais poderias ouvir …mesmo que eu te tivesse dito…
Estamos sentados lado a lado naquele banco de jardim como antes…mas permanecemos em silêncio como dois desconhecidos que nada têm a dizer…quem passa por nós não imagina o quão longe estamos, apesar de os nossos corpos estarem muito próximos…quem nos vê ali…mudos…nem imagina o quanto há para dizer…o quanto ficou por dizer com o arrasto do tempo…o quanto vai sempre ficar por dizer entre nós…
Observo-te e é como se ali não estivesses…e na verdade não estás…
Até da minha própria presença duvido…
O que foi que aconteceu?
O que foi que o tempo fez de nós?
Ouves?
A tua mudez persiste como a chuva a entranhar-se no solo…
E repousamos nesta crueldade impermeável …como se o que existe se resumisse a isto…a esta dormência penosa…

E eu nunca te disse…e tu sabias que eu não te diria…
Vai...provocação deplorável...
Vai...

O teu sangue a escorrer pelo chão...
O meu reflexo no espelho…um espectro sem expressão…

Vai…ruído incessante…
Vai…
Que a noite venha e que tu te confundas nas sombras…
A tua pele em chamas no amanhecer…

Vai…condenação silenciosa …
Vai...

O teu corpo a jazer no túmulo do vazio…
E eu persisto…inerte…
A beleza deste momento…
A tua presença desvanece-se na decomposição da tua carne…
O fim…
O teu fim…o teu suave e doce fim…

A chuva cai…
E eu retiro-me silenciosamente…

sábado, 25 de abril de 2009

Indolência

Há pedaços de mosaicos partidos espalhados pelo chão…há uma destruição recente…iminente… há papéis rasgados com frases incompletas…há chamas apagadas em velas derretidas… há poças de água secas…há o vazio…há emoções escavadas em pontos negros sem retorno…há objectos intermitentes a vaguear na penumbra …há ecos de vozes incessantes a gritar remorsos …há um tempo e um espaço sem memória num vácuo absurdo de fragmentos de dias…e há isto…um gotejar de nada a penetrar pelas frestas das paredes… a espalhar-se pelo pó das noites entorpecidas …um adormecer moroso a apoderar-se da imensidão circundante… uma melodia silenciosa que abafa a realidade…

terça-feira, 31 de março de 2009


Eu sabia...um dia haveríamos de chegar a isto...

...Ao vazio entre o silêncio...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Ás vezes parece que a vida não passa de uma anedota...sem piada nenhuma...tentamos rir, mas não conseguimos...não dá...
Se realmente existe algum deus...algures..."ele" deve ser de facto alguém com um humor extremamente sádico! Constrói dia após dia todas estas estranhas situações...e depois fica-nos a observar...lá do alto do seu pedestal desconhecido...movendo-nos como simples peças de um jogo de xadrez...

................

Eu adormeci?

Acordei só agora?

Perdi alguma coisa?

Tenho estado a perder dias...momentos...?

O que aconteceu?

Foi tudo um sonho?

Ou estarei a sonhar agora?

Que lugar é este?

Como vim aqui parar?

Estou aqui? Ou não estou...?

De quem são estas vozes?

Continuarei eu ainda a dormir?

Parece que tenho estado adormecida aqui há muito tempo...

Será isto tudo uma alucinação...?

Ou estarei eu a elouquecer...?


quarta-feira, 4 de março de 2009

As gotas de chuva queimam-me sem que eu tenha a noção de mim...
Hoje os meus passos estão presos no solo...e eu movo-me, mas não chego a lugar algum...
Desassossego...
Loucura...
Silêncio...
Nada...
Escuro...
Está escuro aqui...
Frio...muito frio...nos objectos em que toco...
Frio...no chão que piso...
Frio...em mim...na minha pele...
Horas...que não passam...ou passam sem que eu saiba...

Colapso...

Sinto...e não sinto...
nada me chama...
o mundo corrói-me...
Respiro...e o ar sufoca-me
caminho...e afundo-me na areia movediça do espaço...
Falo...e as minhas palavras flutuam no vazio...
A realidade lá fora apresenta-se muda para mim...
Aqui...do isolamento da minha existência...
Fecho as portas e impeço que a luz do exterior me assalte...
Ignoro quaisquer estimulos da aleatoridade dos dias...
Cerro a minha consciência e tento adormecer...
E durmo...com os olhos abertos, sem me aperceber
que luzes intermitentes vagueiam no escuro do meu refúgio solitário...
Dormir não chega, quando os pensamentos despertam no meio da escuridão,
Dormir não chega...
Se eu já não sou eu...
Se o tempo já não me pertence...
Dormir não chega...se a realidade colapsa á minha volta...

Tempos houve em que eu escrevia...escrevia e as palavras conseguiam penetrar o espaço vazio em meu redor...e eu continuava em frente sem remorsos...
Tempos houve que eu escrevia, e sentia cada palavra escrita...e as frases transpunham paredes, janelas...muros no tempo...
Mas hoje, escrevo e nada acontece...não chove...não queima...nada...
Hoje encontro-me...sem me perder e perco-me e não me encontro...
Hoje as palavras vão...e eu não vou...

terça-feira, 3 de março de 2009

Baile de Máscaras

Há dias em que te sentes tão inútil que nada parece ter consolação...sentes os músculos entorpecidos, e os teus olhos teimam em não querer abrir-se...
Há dias em que nada mais há a fazer, senão permanecer no véu apático do teu ser...nada dizer, nada fazer, nada desejar...nada esperar...
Há dias em que parece que o mundo decidiu conspirar contra a tua existência...
Sorte ou azar...já não sabes...
O que sentes...mata-te lentamente...

O que não sentes...abre feridas na tua alma...
O que vês...não é o que na verdade olhas...
O que ouves...não conrresponde aos sons reais...
O que dizes...não é o que pensas...
Vives os dias num disfarce contínuo, como se a vida nada mais fosse que um enorme baile de máscaras...desfilas por aí...misturas-te na multidão...

Será que no fim há algum prémio para o melhor disfarce?
Haverá alguma recompensa por todo o tempo em que andaste a fingir...por todos os dias em que adulteraste a tua imagem?
No fim...que propósito terá tudo isto?
Dias e dias...na imensidão do nevoeiro social...

domingo, 1 de março de 2009

......

Como ir e não voltar...
Como cair e afundar...
Como partir e não regressar...
Como sorrir e sufocar....

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009


Há então...desde há dias um desconforto...no tempo...no espaço...na madeira dos móveis...nos vidros das janelas...no branco das folhas de papel...um descompasso lento nos dias...nas horas...sinto-me adormecida...é como se não dormisse há dias...ou tivesse mesmo agora acabado de acordar...é um sono pesado...entranhado na pele...na alma...no silêncio...
E há...então...desde há dias...este sentimento que me corrói em silêncio...que se apodera de mim num passo mudo e pesado...e desde então que não sou...e não estou...
Não há mais palavras para descrever tudo isto...nenhuma mais poderia acrescentar para o exprimir...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

...


Os meus passos estão incertos...desordenados...troco-os o tempo todo e caio inúmeras vezes...não consigo ser coerente...atropelo-me vezes sem conta...e depois sigo em frente ...levando comigo as nódoas negras das minhas quedas...

Não consigo manter um padrão...um dia sou uma pessoa e no dia a seguir já sou outra...digo uma coisa e faço outra completamente diferente...engano-me uma e outra vez...uns dias odeio...e noutros não odeio assim tanto... ou nada sequer...uns dias sinto-me presa...e noutros livre como se nada me tocasse...

E tudo isto acontesse enquanto o relógio permance parado...nas mesmas horas de sempre...como se quisesse mostrar que os objectos também conseguem ser irónicos...o relógio pode parar...e o tempo continua sem se importar....

Será que disse tudo o queria dizer?
Será que as minhas palavras me levaram a algum lado?
Será que alguém me ouviu?


Hoje sou uma pessoa que amanhã já não quero ser...amanhã sei que continuarei a ser a mesma...será que isso muda alguma coisa?


E deixo este texto sem titulo...porque não sei que nome dar a isto...a isto que me move todos os dias...a isto que sinto...


Apatia?
Loucura?
Nada?
Vazio?
Descontrolo?
….........................

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Tenho saudades das estrelas...de quando eu as via com olhos de criança...

O nada dos dias...

Porquê? Eu pergunto-me porquê imensas vezes...porquê esta inconsistência nos dias...as horas ignoradas que passam sem remédio...o tempo que nos devora com chamas incessantes desta grande fogueira do mundo...
E eu vagueio pelas ruas e observo as caras desatentas das pessoas que encontro no meu caminho...e todas me dizem o mesmo...NADA! é apenas um vazio constante em todos os que me rodeiam por aí...nada de novo...nada de inspirador...
E não sei se é de mim...ou os dias ficam mais curtos á medida que o tempo passa...parece que há uma pressa qualquer de chegar a algum lado...ou então pode não haver nenhum propósito...
E... se realmente não houver mesmo nenhum propósito? e se for isto...apenas...sem mais nada a esperar...é imensamente desolador pensar isso...acreditar nisso...
Os dias...as noites...os meses...os anos... não passam de consequências da rotação deste planeta ao qual resolveram chamar Terra...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Há caminhos que conseguimos traçar de olhos fechados, outros, porém, por mais que os mantenhamos bem abertos, não conseguimos encontrar uma forma de chegar a parte alguma...


Em 12.03.05

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Tu não sabes...

Tu não sabes...e eu não te direi...e isto jamais será revelado...
Tu não dizes nada...e eu mantenho-me neste silêncio gelado...
Nada mais há a dizer...
Tu não o sabes...não o poderias saber...e eu jamais te o poderia contar...
Tu estás aí...e eu já me já não sei mais onde estou...perdi-me...
Não há mais ar entre nós que possa tornar os sons em palavras...
E eu não sei...sabendo, no entanto tudo...
Tu não o sabes...eu sei que não...e não te posso culpar por isso...está fora do teu controlo...está para além do que possas pensar...querer...ou viver...
Tu não sabes...e eu sei demais...demais do que quero saber...do que devo saber...demais do que preciso saber
Tu não o sabes...e eu não te odeio por isso...odeio-me a mim por não te o conseguir dizer...

sábado, 10 de janeiro de 2009

E vi-te...

E então vi-te... estavas ali á minha frente...e de repente não soube se eras real...ou se eras apenas mais uma alucinação...e de repente não soube mais de mim...fiquei ali presa mais uma vez...a ti...a noite em ti...á tua presença na noite...a tua inesistência em mim...o frio...o desconforto de estares ali mais uma vez á minha frente...tão perto...mas na realidade a uma distância enorme e dolorosa...
E vi-te...como te imaginei durante anos...e depois ali...estavas real como antes...
E...de repente nenhuma palavra pode surgir...nenhuma seria apropriada..e nenhuma podia existir já...todas já haviam sido aglomeradas a um canto pela força dos anos...
E vi-te...sim...vi-te...e não sei...ao ver-te...se te vi realmente..ou se mais te via quando te imaginava...
E vi-te...e de repente... tudo em mim parou...e o vento...as vozes...as cores daquela noite dissiparam-se todas por entre os contornos da tua imagem...
E vi-te...mas pela primeira vez, ao olhar-te...tu eras tu...e eu era eu...
E vi-te...após tanto tempo...e nada de impressionante se pode sentir num momento assim...