segunda-feira, 27 de abril de 2009

Sabes…acho que nunca te disse…
Não…nunca te disse mesmo…
Muitas vezes tentei dizer-te…mas as palavras ficaram sempre retidas algures entre a realidade e a idealidade …
Eu sei que no fundo tu jamais poderias ouvir …mesmo que eu te tivesse dito…
Estamos sentados lado a lado naquele banco de jardim como antes…mas permanecemos em silêncio como dois desconhecidos que nada têm a dizer…quem passa por nós não imagina o quão longe estamos, apesar de os nossos corpos estarem muito próximos…quem nos vê ali…mudos…nem imagina o quanto há para dizer…o quanto ficou por dizer com o arrasto do tempo…o quanto vai sempre ficar por dizer entre nós…
Observo-te e é como se ali não estivesses…e na verdade não estás…
Até da minha própria presença duvido…
O que foi que aconteceu?
O que foi que o tempo fez de nós?
Ouves?
A tua mudez persiste como a chuva a entranhar-se no solo…
E repousamos nesta crueldade impermeável …como se o que existe se resumisse a isto…a esta dormência penosa…

E eu nunca te disse…e tu sabias que eu não te diria…

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