segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Combustão

O crepitar insólito das labaredas a absorver a madeira dos móveis.
Indiferença. Perante a destruição.
Não creio que me deveria importar
.
Odeio o sabor da realidade.
O seu frígido e insensível toque na minha pele.

No entanto, faça o que fizer, estou irreversivelmente condenada e ela…

domingo, 29 de novembro de 2009

Rosas vermelhas

E chovia…chovia imenso naquele dia…e foi com se nunca tivesse chovido antes…

sábado, 28 de novembro de 2009

A escolha

É uma escolha que fazes.
Um dia simplesmente viras as costas e vais embora.
É uma escolha que fazes.
Nada mais.
E o processo repete-se inúmeras vezes.
A vida é feita de partidas, como se apenas as partidas (interiores ou exteriores) conduzissem a começos e recomeços.
É uma escolha que fazes. Certo ou errado…não sabes bem…e jamais poderás saber…
Cedo ou tarde…é sempre subjectivo…
É uma escolha. Um dia o teu corpo e o teu espírito cansam-se. Esgotam-se. Despejam-se de tudo o que os agarrava a um momento. A algo. A um lugar. A um sentimento. E tu tens que recarregá-los. Longe ou perto. Não sabes. Não importa. Mas sabes que tem que ser “noutro lugar”, sendo que não é necessário que seja um lugar físico, real…pode ser apenas uma mudança dentro de ti. Às vezes as maiores mudanças da vida ocorrem sem que tenhas que dar um único passo. Não tens que mudar de casa, mudar de cidade, de país, de nome…não tens que fazer uma mudança de visual extravagante… nem tens inventar uma felicidade absurda. Nem necessitas de te afogar em frases feitas retiradas de livros de auto-ajuda, nem tens que te convencer que “daqui para a frente tudo vai ser melhor”…porque foi isso que te causou a infelicidade em primeiro lugar…a expectativa.
Tens apenas que aceitar que há um tempo para tudo, que a vida não é rectilínea…que não tens que permanecer imutável durante o tempo todo…que te é dado o poder de mudares tudo, a qualquer hora, em qualquer circunstância…e que deves usar esse poder…
Tens apenas que pensar que é a vida…que as coisas são assim…não é como nos filmes…em que todas as situações, por mais absurdas e impossíveis que possam parecer, acabam sempre por ter uma resolução…um “final”…não tens que esperar essa resolução na tua vida…ás vezes, simplesmente não há resolução alguma…ou então essa inexistência aparente de uma resolução, é, por si só, já a resolução…
Tens que compreender que momentos vão e vêem…e saber que tens que perder algumas coisas, para que possas conseguir recolher coisas novas…como se a vida te tivesse dado uma grande mala de viagem…onde vais acumulando coisas ao longo da caminhada…mas que a uma determinada altura vai ficando cheia demais…e tens que te livrar de algumas coisa… caso contrário terás que carregar para o resto dos dias o peso das coisas que já não te servem para nada.

É uma escolha que fazes.
Um dia simplesmente, viras as costas e vais embora.
É fácil. Indolor. E nem precisas de mudar nada se assim o quiseres.


sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A resposta

E se conseguisses ter aquilo que sempre mais desejaste?
E se o perdesses logo de seguida?
E se o voltasses a ter mesmo sabendo que já não te pertencia?

O filme pára no momento crucial e, por mais que carregues no “Play”, ele não prossegue.

Demoras imenso tempo para chegar a um lugar, e quando lá chegas…esse lugar já não existe.
Uma imensidão de tempo a tentar encontrar a resposta para aquela pergunta incessante na tua existência…e um dia quando a encontras… já não precisas dela...já tens uma nova pergunta...

Tens um conjunto de regras guardado em ti que foste acumulando com o passar do tempo. Mas de que te servem todas elas? Na maior parte das situações da tua vida só conseguirás sobreviver se não as respeitares.

Qual é a resposta para tudo isto?
Qual é o propósito?

Para onde caminhamos?

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

“Can you feel this? I’m dying to feel this.”

Blood…flesh…screams…
Pain…pleasure…
I woke up again in a strange place…
There comes my world again…falling down…
The writings in the wall tell me things I can’t understand…
The room is full of empty boxes…empty glasses…empty bottles…
Emptiness…meaningless…
Despair…
Faded pictures scattered on the floor…nameless faces…
Empty pages on an old book…
I am alone.
Am I alone?
I can’t see my reflection on the mirror…once again…


“Kill me!”…the voices say…

It’s cold…so cold…
It’s dark…so dark…


Blood…cold blood on the floor…

Can you feel this?


This damnation…
This suffocation…
This agony …
This…

Silence…


I guess you can’t feel this…



I’m confused as I walk around in this horrific place…
“Don’t look at me!”…the voices scream…

Or am I the one who’s screaming?

I scream.

The door is locked.

I’m trapped inside this tragic nightmare.

Reality…or delusion?

“Die!”…the voices shout…

I can hear them… I can hear them…

Can I hear them?

I can feel their voices… like razors cutting down my skin…

Can you feel this?

There are no colours here…

I lie down on the floor...as I drown in this perverse black and white madness.

Can you feel this?


terça-feira, 24 de novembro de 2009

Às vezes esquecemo-nos...

Às vezes esquecemo-nos do que temos
De quem somos…e de quem não somos…
Esquecemo-nos de caminhos…de músicas…de pessoas…
Às vezes esquecemo-nos de onde viemos…e para onde vamos…
Esquecemo-nos das horas…dos dias…dos anos…
Esquecemo-nos de coisas das quais sempre nos lembrávamos…
Esquecemo-nos do que os outros se lembram…
Esquecemo-nos de sentir…de viver…
Às vezes esquecemo-nos do quão importante algo é, só pelo simples facto de não o ser para o resto do mundo…
Esquecemo-nos da chuva no Verão…e do calor no Inverno…
Esquecemo-nos do ruído quando estamos demasiado tempo no silêncio…

E de nos levantarmos quando caímos...
Às vezes esquecemo-nos que as coisas têm um fim…

...E que nem sempre há frases belas e inspiradoras nos finais dos textos…

(…assim como nem sempre há finais felizes na vida…)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Eu não sei como cheguei aqui…e não consigo daqui sair…
Não há nada para além daquela porta, e eu não tenho a chave.
Eu não sei para onde ir, porque não sei onde estou.
Estou perdida sem ter dado um único passo.
Mesmo permanecendo aqui, parada, perdi-me neste colosso de sucessões efémeras…
Às vezes as coisas vêm e vão tão repentinamente que nem nos apercebemos delas, e nem conseguimos ver o nosso lugar nelas…e por isso perdemo-nos antes de algo acontecer…
Estou tão perdida que nem consigo voltar para casa…que nem sei já onde é a minha casa…
Estou tão perdida que todos os lugares parecem iguais…
Tão perdida estou que nada mais me cativa…
Tão perdida estou que qualquer lugar é o meu lugar…e nenhum é de facto meu…
Eu não sei como cheguei aqui…parece que adormeci algures…e acordei aqui de repente, sem uma única pista de como aqui vim parar…sem um mapa para saber onde me localizo exactamente …
Uma parte de mim tenta desesperadamente escapar deste estranho lugar…outra parte de mim tenta encaixar-se neste puzzle…

Eu não sei como cheguei aqui…mas deve haver uma forma de sair…

domingo, 15 de novembro de 2009

"You pretend you're anything, just to be adored."

Um dos segredos da vida – a vida em sociedade - é eu saber até que ponto é que te consigo enganar, e tu saberes até que ponto é que me consegues enganar.

A vida em sociedade é isto…esquemas…enredos…farsas que criamos para acreditarmos e/ou levarmos os outros a acreditarem que tudo isto tem interesse.
Porque somos vendedores de mentiras. E vendemo-las sem nos apercebermos…ás vezes sem querermos…outras vezes de uma forma claramente intencional…algumas vezes vendemo-las as pessoas que não as queriam comprar…outras vezes vendemo-las aos que andavam exactamente á procura delas.
A vida, tal como a conhecemos, seria impossível se nos fosse retirada a possibilidade de mentir. Mentir é o respirar da sociedade. Ninguém nota. Ninguém se importa. Todos seguem o mesmo costume sem questionar.
Mentimos…fingimos…iludimos ….enganamos…simulamos…seja qual for o nome que lhe dermos …a intenção é a mesma.

Frases como “Mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo” e “ A mentira tem perna curta”…não fazem muito sentido…porque, na verdade há imensos mentirosos que nunca foram apanhados e jamais serão…e mentiras que nunca chegam a ser vistas como tal…

Até que ponto conseguimos iludir os outros para que eles nos idolatrem? Para que nos tornemos deuses? Para que todas as nossas acções e frases sejam dogmas indubitáveis?
Até que ponto conseguimos transfigurar a nossa realidade e a realidade daqueles que “compram” as nossas mentiras?
Está aí alguém?
Uma voz?
Uma sombra?
Uma existência qualquer?
Alguma coisa…
Daqui nada surge…tudo se consome em fragmentos de irrealidade…

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

E há sempre um momento em que o que eu escrevo não tem sentido algum...

Há sempre um momento em que perdemos mais quando ganhamos…
Um momento em que partimos mais quando ficamos…
Um momento em que mentimos mais com a verdade…
Um momento em que nos interessamos mais quando mostramos indiferença…
Um momento em que falamos mais com o silêncio…
Há sempre um momento em que despertamos mais quando adormecidos…
Um momento em que o calor é mais frio que o próprio frio…
Um momento em que estamos mais sozinhos rodeados de pessoas…
Um momento em que choramos mais a sorrir…
Um momento em que nos falta mais quando já temos tudo…
Há sempre um momento em que somos mais novos mesmo mais velhos…
Um momento que mesmo curto permanece por uma vida…
Um momento em que o errado é certo…
Um momento em ajudamos mais se não ajudarmos…
Um momento em que saímos muito antes de entrar…
Há sempre um momento que as contradições redundam-se…as redundâncias adjectivam-se…os adjectivos contradizem-se…o preto é branco…o dia é noite…os ouvidos vêem …os olhos saboreiam…as mãos ouvem…em que a perfeição é imensamente imperfeita…a beleza é medonha…e a hediondez é harmoniosa…o sangue é água…e a água é veneno… as lâminas são suaves como penas…em que os sonhos nada mais são que pesadelos… o subjectivo é objectivo….o perto é excessivamente longe…e sim…o fim é o inicio…a minha preferida de todas as contradições…


Solidão

Caminho por entre a multidão…e as ruas estão vazias…
Pessoas…pessoas e mais pessoas…preenchem o espaço…e, no entanto, está tudo deserto…
Está escuro…e o dia acabou de nascer…
Há vozes espalhadas em torno da minha presença…mas o silêncio inunda a minha passagem…
Há caras familiares para onde quer que olhe…e,no entanto,todas são desconhecidas para mim…

Estou sozinha…e,no entanto, não estou só…