sábado, 28 de novembro de 2009

A escolha

É uma escolha que fazes.
Um dia simplesmente viras as costas e vais embora.
É uma escolha que fazes.
Nada mais.
E o processo repete-se inúmeras vezes.
A vida é feita de partidas, como se apenas as partidas (interiores ou exteriores) conduzissem a começos e recomeços.
É uma escolha que fazes. Certo ou errado…não sabes bem…e jamais poderás saber…
Cedo ou tarde…é sempre subjectivo…
É uma escolha. Um dia o teu corpo e o teu espírito cansam-se. Esgotam-se. Despejam-se de tudo o que os agarrava a um momento. A algo. A um lugar. A um sentimento. E tu tens que recarregá-los. Longe ou perto. Não sabes. Não importa. Mas sabes que tem que ser “noutro lugar”, sendo que não é necessário que seja um lugar físico, real…pode ser apenas uma mudança dentro de ti. Às vezes as maiores mudanças da vida ocorrem sem que tenhas que dar um único passo. Não tens que mudar de casa, mudar de cidade, de país, de nome…não tens que fazer uma mudança de visual extravagante… nem tens inventar uma felicidade absurda. Nem necessitas de te afogar em frases feitas retiradas de livros de auto-ajuda, nem tens que te convencer que “daqui para a frente tudo vai ser melhor”…porque foi isso que te causou a infelicidade em primeiro lugar…a expectativa.
Tens apenas que aceitar que há um tempo para tudo, que a vida não é rectilínea…que não tens que permanecer imutável durante o tempo todo…que te é dado o poder de mudares tudo, a qualquer hora, em qualquer circunstância…e que deves usar esse poder…
Tens apenas que pensar que é a vida…que as coisas são assim…não é como nos filmes…em que todas as situações, por mais absurdas e impossíveis que possam parecer, acabam sempre por ter uma resolução…um “final”…não tens que esperar essa resolução na tua vida…ás vezes, simplesmente não há resolução alguma…ou então essa inexistência aparente de uma resolução, é, por si só, já a resolução…
Tens que compreender que momentos vão e vêem…e saber que tens que perder algumas coisas, para que possas conseguir recolher coisas novas…como se a vida te tivesse dado uma grande mala de viagem…onde vais acumulando coisas ao longo da caminhada…mas que a uma determinada altura vai ficando cheia demais…e tens que te livrar de algumas coisa… caso contrário terás que carregar para o resto dos dias o peso das coisas que já não te servem para nada.

É uma escolha que fazes.
Um dia simplesmente, viras as costas e vais embora.
É fácil. Indolor. E nem precisas de mudar nada se assim o quiseres.


1 comentário:

Anónimo disse...

Fogo.. tu escreves de uma forma que se entranha no espelho de qualquer pessoa que o lê... pois tanto reflectes a tua vida, o que vai na alma; como também escreves algo que se relacione com a vida com qualquer pessoa.

Este, juntamente com outros, é um dos teus melhores textos, mais uma realidade desta vida que vivemos, e que dá muito que pensar...

Agora um aparte... já que gostas muito de pensar neste tópico... em quantas mudanças da nossa forma de viver, em quantas recargas de bateria para a nossa alma, em quantos passos que daremos... durante quanto tempo iremos ter um ao lado do outro ? :D .. Não sabemos, vamos vivendo cada dia, cada passo novo, e vamos sobrevivendo como pudermos e apoiando-nos mutuamente :D pois certamente que esta amizade irá continuar a durar s os nossos passos não coincidirem!
Beijão Best Friend :D

RR

PS: Beijinhos da Spears também :D