terça-feira, 16 de junho de 2009

Há pessoas que julgamos inimigos e nos quais descobrimos amigos…
E há pessoas que julgamos estarem ao nosso lado…e estão muito longe…
Há dias de Verão tão frios!
E há dias de tempestade…tão calmos…
Há mentiras que nos fazem felizes…e verdades com lâminas muito afiadas…
Há noites claras...e dias tão sombrios…
Há humanidade nas pessoas que mostram expressões agressivas…e ódio naqueles que nos sorriem todos os dias…
Há horas tão curtas que nem nos dão tempo para respirar…e há minutos tão longos que nos sufocam…
Há erros nas coisas perfeitas…e harmonia na imperfeição…
Há feridas saradas que nos corroem…e feridas abertas das quais nem nos apercebemos…
Há pancadas que não fazem qualquer mossa…e palavras que nos fustigam a alma…
Há caras desconhecidas que nos parecem familiares…e caras familiares que serão sempre desconhecidas…
Há lugares que permanecem uma eternidade imutáveis…e lugares que já não reconhecemos a cada momento que passa…
Há dias de embriaguez lúcida…e noites de sobriedade entorpecida …
Há poemas escritos em folhas de papel…e poemas escritos em gestos…
Há realidades tão ficcionais…e ficções imensamente reais…
Há uma solidão no meio da multidão … e um abrigo no isolamento….
Há pessoas com armaduras facilmente permeáveis…e pessoas impermeáveis na sua nudez…
Há uma imensidão e um final…
Uma chegada…e uma partida…
Há saudades do que nunca se teve…e indiferença pelo que se tem…
Há ruídos mudos …e silêncios ensurdecedores …
Há gritos calados…e sussurros clamados…
Há mágoas acolhidas …e felicidade rejeitada…
Há frases que relembramos uma vida inteira…e há um dia em que viramos as costas…
Há lágrimas de alegria e sorrisos dolorosos…
Há histórias que sabemos o final apenas pelo título…e histórias que não têm fim…
Há textos imensamente extensos que nada dizem…e folhas papel em branco que tudo dizem…
Há aquilo que somos…a essência…aquilo que fica dentro das janelas e das portas fechadas…e há a película invisível que todos os dias envergamos… a fraude da nossa criação…

Somos uma fraude…um abismo…sem consolação…

1 comentário:

Anónimo disse...

Rendi-me completamente a este texto, até o guardei para ficar com ele... está simplesmente brutal, puro e sincero, esta é a realidade núa e crúa das nossas vidas.
O jogo de antíteses em que vivemos trespassa para a pessoa que nos tornamos.

Ricardo