quinta-feira, 30 de julho de 2009

Dissonância

Queria ser mais forte. Talvez mais cega. Talvez mais inteligente. Queria ser bela. Bela aos teus olhos. Queria que me fizesses odiar-te. Queria matar-te da minha pele. Estou só. A solidão é fácil de enfrentar. Vagueio solitariamente pelas ruas. As estrelas caem sobre os tectos dos prédios da cidade. Por toda a parte há um rumor desalinhado em torno de mim. As fibras sonoras da civilização circundante ressoam numa dissonância trémula. Para onde foi o meu mundo? Para onde foram os meus muros? As minhas paredes. As minhas portas. As minhas armaduras. Estou permeável, aqui, perdida no meio deste labiríntico caos de ruas desconexas. Procuro-te. Procuro-te? O teu sangue.
È apenas o teu sangue. No chão nu. O teu sangue. Frio. E eu permaneço aqui. Calada. Quero enterrar-te. Eu enterrei-te!
Queria ser mais forte. Uma tempestade. E devastar-te. Varrer-te daqui…de todos os lugares onde permaneces. Queria ser mais cega. Nada ver. Nada sentir. Ser um corpo emerso á superfície de um qualquer rio e mover-me apenas ao sabor da corrente. Queria ser mais inteligente. E saber exactamente o caminho que tenho que seguir para desprender-te de mim.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sem comentários.. um dos melhores desabafos que já se leu num blogue.. PERFEITO ainda que o sentimento que te levou a postá-lo nao tenha sido o melhor.. mas o tempo tudo nos cura, isso é a mais pura da verdade acreditemos ou nao.
.. Continua como és :D