segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Desfragmentações de uma vida perdida no vazio...


Apaguei os vestigios
da minha presença
deixei que a minha alma sangrasse
até ficar vazia
Fui embora...
Rasguei a minha imagem
no espelho
Deixei que esta tempestade
me afogasse
para não mais voltar...
Parti...
Estou longe...
Sepultei a minha sombra na solidão...
Esqueci-me de mim...
Perdi-me da minha memória...
abracei a dor
e evoquei os demónios
adormecidos em mim...
Voei para longe...
fui com a noite...
e deixei-me levar pelas vozes
que me chamam na escuridão
Agora...
aqui...
onde o nada preenche o vazio
e onde os jacentes
se erguem implorando
mais um luar...
aqui...
onde as chamas da eternidade
anunciam a tragédia incessante...
aqui..
encontrei
a minha dor e a minha solidão...
permaneço agora num ciclo
de momentos vãos...
num sopro de loucura e prazer...
Sou uma sombra
que quebrou as barreiras
da realidade
Sou uma voz sem som
Sou um olhar sem luz
Sou umas mãos
sem a frieza dos dias...
Sua uma existência
sem passado...
Sou o que passa e não fica...
Vou com a noite...
Repouso no sofrimento...
mergulho no horizonte sem referências...
Suavemente...
um pranto melodioso de anjos perdidos
me embala para dentro
do meu doce desespero sonhado...

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