sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Quem sou eu?

Quem sou eu?
Já tentei mudar muitas vezes.
Já tentei ser igual e já tentei ser diferente.
Nunca me senti feliz onde estava e por alguma razão sempre busquei algo mais para além do que tinha.
Já dormi num colchão no chão, isolada da civilização, esperando que ninguém jamais me encontrasse. À procura do grande thrill da minha vida, quis ser a hippie alienada da sociedade quando tudo o resto falhou. 
E depois quando isso também falhou…eu voltei à superfície e busquei a luz … mas a luz para mim numa esteve na superfície, nas coisas simples e belas…a luz para mim nunca foi luz…mas sim escuridão…apenas na escuridão cerrada eu alguma vez pude sentir que estava a seguir o meu caminho …eu puder ver para onde ia…e todas as vezes em que tentei vir à superfície …e encarar a claridade eu perdi-me.
 Já fiz greve de fome …não motivos religiosos ou ambientais ou por qualquer outra causa capaz de ser capa de jornal. Fiz greve de fome uma vez mais em busca do thrill…da emoção na minha rotina sem graça ….e quando isso também falhou eu virei-me para a comida até que a comida falhasse também de me entreter…

Tentei ser a pessoa que a minha família via em mim…e para ser isso tudo eu escondi as partes feias que a vida havia criado em mim…escondi as mazelas…escondi os traumas…os medos...fui em frente mesmo quando não sabia bem para onde… e eles deixaram-me ir, achando que eu sabia…e eu queria que eles me deixassem, não que eu soubesse para onde ir, mas apenas por eu queria ir…e um dia quando eu apenas quis que eles me impedissem de ir, eles deixaram-me continuar, achando realmente eu tinha um plano…e era quando eu estava mais perdida…
E tudo isto me leva de volta para a pergunta inicial…quem sou eu?
Eu tenho vivido uma vida dupla…e às vezes tripla …a fingir que sou a pessoa feliz para mim e a pessoa que eu finjo ser para o mundo exterior…mas não é a verdade…a verdade é que nem eu já sei qual é a minha verdade…
Quem sou eu?
Serei eu um enigma… que não é suposto ser desvendado…ou apenas uma fantochada?
Não me surpreende perceber ao fim destes anos todos que apenas tenho simulado emoções e sentimentos…que sou uma fraude porque no fim de todas as conclusões eu tenho dificuldade em distinguir as histórias reais das histórias que escrevi ou imaginei… 
Eu posso ser, portanto, um produto da minha própria imaginação…um personagem que eu criei nas páginas do livro que ainda não foi criado…numa história para a qual não foram ainda inventadas palavras…
Quem sou eu?
Quis que alguém que me dissesse.  Procurei a resposta em livros. Procurei ajuda de psicólogos e psiquiatras para que dessem respostas. Mas nada consegui. Voltei ao ponto inicial.
Quem sou eu ?
A minha viagem por esta vida é mais subjectiva do que objectiva , depende muito mais das minhas emoções , ilusões e sonhos do que propriamente da  viagem em si…

Mas o que é uma viagem, se não a nossa perspectiva pessoal das coisas?


1 comentário:

Luis disse...

Há quem diga que o que importa não é a meta, mas sim o caminho