sábado, 26 de novembro de 2011

Quantas vidas cabem numa vida?
Eu diria que cabem imensas.
Cabem quantas vidas surgirem no nosso caminho e quantas dessas nós estivermos dispostos a enfrentar.
Há uma nova vida em cada emoção. Em que cada mudança de humor. Em cada conquista.
Um dia somos a pessoa que se encerra totalmente do mundo desejando que toda a gente á sua volta se extinga de repente.
Outro dia somos a pessoa que implora para que alguém repare em si. Para que alguém diga alguma coisa. Para que alguém ofereça algum conforto.
Um dia somos a pessoa que tem medo do escuro.
No outro dia somos quem apaga as luzes.
Será possível viver vidas que se contradigam umas às outras?
Será possível não manter um padrão de comportamento?
Será possível continuar em frente ignorando os fragmentos das vidas passadas que vão ficando atrás de nós?
Eu diria que sim.
Alguns desses fragmentos provavelmente ainda permanecerão agarrados a nós por algum tempo, teremos que continuar a andar até que eles caiam completamente.
Alguns eventualmente não cairão.
Esses,teremos que aprender a cobri-los. A escondê-los. A soterrá-los.
Assumiremos então que eles farão parte da nossa bagagem ao longo da nossa viagem. E, assim, vamos guardando-os na parte mais recôndita e vamos colocando novas coisas sobre eles.
Somos usados, mas novos.
Sempre novos. Quantas vezes ousarmos sê-lo.
Fazemos o que for preciso.
Esperamos que com o pó dos dias os fragmentos das vidas passadas sem dissolvam.
E continuamos.
Não acontece de um dia para o outro.
A mudança leva tempo, já sabemos.
Temos que ser pacientes e esperar que a velha pele caia por completo, até podermos ostentar com brio a nova pele.
É uma metamorfose.
Temos que esperar pela altura certa, como as larvas esperam todo o inverno no seus casulos até à chegada da primavera para surgirem como lindas borboletas.
Aceitar e enfrentar cada nova vida que escolhemos é ter a noção de que temos que passar pelo processo da metamorfose.
Quantas vidas cabem numa vida?
Depende de nós. Da nossa coragem e aceitação de que tudo vem e tudo vai.
De que ao fim de algum tempo temos sempre que deixar a nossa pele velha cair.
Aceitar que durante esse processo podemos estar mais vulneráveis enquanto a nova pele ganha crosta. Mas que isso não nos faz necessariamente mais fracos, apenas seres em transição.
E é nessa transição que arranjamos escudos para nos protegermos na fase seguinte.

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